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Chương 7 Por que estou assim?

Depois de pegar aqueles livros da biblioteca — e queimar o outro — tive que dar um duro para entender como poderia traduzir tais livros.
Alexia evitou falar comigo durante um tempo, afinal, eu tinha merecido, porém, logo quando ela se acalmou e pareceu esquecer um pouco do ocorrido naquele dia, me ajudou.
Voltando para biblioteca, encontrei tinteiros que ainda continham tal tinta, e com as canetas de penas e papéis pude repassar o novo alfabeto e modificá-lo para o que eu conseguia ler.
Cada letra possuía um símbolo diferente, mas, com ajuda da Alexia, fui capaz de entendê-los.
O que tinha confirmado estava sendo muito útil para este propósito, apesar do tempo que levava para poder ler cada página.
Também parei para pensar nas coisas que estavam acontecendo até agora.
Minha memória estava apagada sobre quaisquer coisas que tivesse feito neste mundo. Pelo que pareceu, a última coisa que fiz foi lutar contra um dragão — e não um simples dragão, mas, o Deus dos Dragões — utilizando uma arma lendária capaz de matar até Deuses: As Espadas Gêmeas da Lua e do Sol.
E mais, o velho Arx comentou que também estava com a Presença do Antigo Deus Dragão Vermelho: Red.
Como isso seria possível?
Coloquei a mão sobre a cabeça de maneira pensativa e soltei um longo suspiro.
Ver o pôr do Sol sobre este abismo é tão elegante e bonito que me conforta. Porém, já se passaram cinco dias e não tenho ideia do motivo de estar aqui.
Não nos foi dado um dia exato para que chegasse tal pessoa que nos ajudaria a controlar esse poder e pelo que vimos nos poucos testes que fizemos, tanto eu quanto Alexia seríamos extremamente perigosos se andássemos por aí sem saber lidar com isso primeiro.
Olhei para o bloco de folhas lançado no chão, ao lado do papel codificado e alguns livros sobre política. Realmente neste mundo existe esse tipo de coisa?
Eu me lembro que criei histórias e contos para ele, havia livros de culinária e tudo mais, tudo para que os jogadores adquirirem atributos lendo-os em jogo, mas, isso é bem diferente de um mundo medieval, certo? Bem, o que importa agora? Eu não posso alterá-lo mais.
Respirei fundo e comecei a juntar as coisas.
Sem luz elétrica, aqui fora neste horário se torna a própria Escuridão, e não poderia fazer nada além de escutar os barulhos dos animais selvagens e talvez contemplar as duas luas e as estrelas no céu.
Passei pela pequena porta — que era ainda menor por causa do meu tamanho — e desci as escadas para o corredor do meu quarto.
Ao passar pela porta da Alexia, parei um pouco. É melhor me desculpar novamente... mesmo que já tenha passado um dia daquele livro-carmesim.
Coloquei os livros e os papéis para um lado e com a mão livre bati na porta. Uma, duas, três vezes seguidas, mas, sem resposta.
Meu corpo agiu de maneira descontrolada, ele queria abrir a porta e já estava com a mão na maçaneta, quando ouvi do meu lado um...
— Cof. O que você está fazendo? — disse Alexia um pouco afastada, mas, ainda no corredor, me olhando tão séria quanto alguém pronto para repreender uma criança travessa.
— E-eu? — é, Wynan, o que você está fazendo? — Nada, é, só checando se está maçaneta está devidamente funcionando.
— Eu não disse para você não entrar aí?
— Sim, não entrei, eu juro — que isso? Estava "agitado" igual um porco, tremendo de medo pela aura que a Alexia emanava. Até mesmo as paredes mortas de pedra choravam de medo se pudessem fazê-lo.
— O que você espera encontrar aí dentro? — ela me perguntou. Mas, não era para responder, certo? Uma pergunta feita para pegar trouxas...
— Você — merda. Como caí nisso?
— Hm? Quê? — ela falou um tanto sem jeito. Não era a resposta que ela achava que iria escutar.
— É.... eu sei que não deveria fazer isso, mas, queria me encontrar contigo — isso não soava tão heróico nem mesmo respeitoso, e, por que diabos ainda estava com a maçaneta na mão e livros embaixo do outro braço?
— Para que? Você é apenas um pervertido...
— Não é bem assim, eu só não consigo medir algumas ações... — por fim, coloquei os livros no chão, e me sentei ali, ao lado da porta dela, preparando para explicar o inexplicável. Neste instante reparei que ela estava com uma bandeja de coisas para comer, pão, bolo, entre outras coisas — Isso é para mim?
— Não.
— Não? — Bem, você então vai se trancar no quarto para comer tudo isso? Tipo um preparativo para poder hibernar? Ela carregava tanta coisa naquela bandeja que me surpreenderia se fosse apenas para nós dois.
— Sim e não.
— Ah, entendi. Tipo uma chantagem.
— Chantagem? Não! Você que estava tentando entrar no meu quarto.
— Bem, eu bati três vezes e você não atendeu... eu resolvi entrar para ver se você estava bem — essa foi boa Wynan, a melhor resposta do mundo.
— Sei... pensou que eu não deveria estar aí, ao menos?
— Pensei — merda, o quê? Porque falei isso, era para não falar isso, se a ideia era entrar com um motivo certo. Wynan, seu idiota.
— Ah, então você estava querendo entrar no meu quarto.
— Sim... não? Não sei. Me desculpe, Alexia — coloquei a mão na cabeça e me conformei em uma posição bem humilhante, ali, bem próximo a ela e a bendita porta. Faltava chupar o dedo e chorar, em um cantinho isolado.
— Você é muito confuso, age de maneira imprudente, às vezes é um pervertido sem igual, outras parece um cara legal e outras você me dá medo...
— Sério?
Ela então se sentou também ali no corredor, só que do outro lado da porta dela. Colocou a bandeja no chão e arrastou para mim. Estava oferecendo? Bem, eu estava com fome, não pude resistir, em seguida já estava com um ou dois biscoitos na boca, mastigando-os como se não houvesse amanhã.
— Sim... o mestre Arx falou algo sobre isso — ela olhou para mim que, ao pegar os biscoitos, estava numa cena bem engraçada e pegou um para si.
— C-como assim? — mastiguei um pouco e depois engoli o primeiro biscoito — Por que você não me falou antes? Estou bem confuso agora, na verdade, desde sempre — detonei mais um e engoli — Agi de maneira imprudente mesmo sendo capaz de medi-las quase no mesmo instante.
— Calma Wynan, bem... o Mestre Arx disse para não falar nada contigo sobre isso... é um tipo de teste. Afinal ele não tinha certeza ainda.
— Teste? — perguntei ainda mais confuso, e mesmo assim, continuava mastigando os biscoitos.
— Tome. Peguei este bolo, eu mesmo fiz... quero dizer, eu mesmo peguei os ingredientes nesta manhã e não fui ao depósito.
— Sério? — peguei o bolo, e retirei um pedaço, coloquei na boca e senti tal gosto magnífico. Nossa! Como ela cozinha bem e... Espere Wynan, o que você está fazendo? Não perca o foco — Ei. Está fazendo o "teste" de novo, não é?
— Sim — ela sorriu, mas, depois se afastou e olhou para mim — O Mestre Arx comentou que você poderia agir de maneiras estranhas às vezes. Então ele pediu para que eu analisasse suas mudanças e depois falasse com ele quando voltasse.
— Isso... não sou capaz de controlar este corpo?
— Você quer sair? — perguntou logo depois de se levantar e limpou a saia.
— Quê? — assim tão de repente? Espere aí... é o teste, né?
— Respirar um pouco de ar fresco... enquanto caminharmos eu posso te contar o que o Arx falou para mim antes de sair.
— Tudo bem para você?
— Não sei dizer, depende de você... vai tentar fazer alguma coisa?
— Não — por um momento, fiquei tentando decifrar o que ela queria dizer, mas, compreendendo a situação que eu estava, além de tudo que tinha passado, afirmei minha resposta — Depende.
— Sério? Você vai me responder com um "depende"?
— Sim. Eu não quero fazer nada contigo, nada de ruim ao menos, mas, você mesma pode perceber que não é bem simples me controlar.
— Entendi — olhou mais uma vez para mim e neste instante foi ela que pareceu tentar me decifrar. Eu suspirei e perguntei:
— Mesmo assim vai querer sair comigo?
— Sim. Eu que te chamei, não? De qualquer forma, você tem que entender o que está acontecendo.
— Tem alguma ideia?
— Sobre isso? Não, o mestre Arx só me disse o que poderia acontecer. E...
— Vai comer este pedaço de bolo? — o que foi? A fome aparece, e não há outro jeito de acabar com ela se não comer. E pensar com os Poderes do Protagonista é bem cansativo.
— Hã? Não, pode pegar. Trouxe para você.
— Sabia — e lancei-me sobre o outro pedaço, e mesmo se levantando, continuei pegando alguns outros pedaços de biscoito.
— Convencido — ela afirmou com um sorriso no rosto e depois de me ver agindo daquela maneira infantil, perguntou — Vamos?
— Mas, não vai estar muito escuro lá fora? — de todas as vezes que eu fiquei na varanda ou fora do prédio quando escureceu, não pude ver mais que alguns metros. E, assim como antes, os barulhos dos animais noturnos me davam calafrios.
Quando porsolar terminava e a noite finalmente tomava conta de tudo, só conseguimos ver um ao outro devido aos pequenos castiçais. E falando neles, havia somente um entre nossas portas, um na sala da cozinha e um no meu quarto e provavelmente no da Alexia também.
Tirando estes, todo o restante do edifício era engolido pelas sombras e a escuridão. Talvez fosse um dos motivos para que eu não gostasse de caminhar por aí durante a noite.
— Hoje é Dia da Mystra...
— Dia de Mystra?
Pelo que eu me lembro, nos dias 72, 192 e 312 acontece o Dia de Mystra, conhecido por ser a época em que criaturas e demônios são liberados de sua maldição para caminhar na terra. Apesar do conto popular, o que acontece neste dia é o alinhamento das três luas em suas fases de lua Cheia. Falando nisso...
— Conhece?
— Ah, isso... bem... — o que vou falar para ela, ah, já sei — Eu li em um dos livros. Você se refere ao alinhamento das luas? Nesse dia, cada lua é capaz de iluminar a noite como o próprio sol, mas, com seu brilho de prata — e finalizei meu discurso com a mão levantada como um guia de museu.
— É bom saber que está conseguindo ler os livros.
— Sim... Alexia?
— Sim?
— Você sabe me informar que dia é hoje?
— 12 de Libra.
— E o dia da semana?
— Degon II — foi o que eu imaginei.
Não costumava utilizar o calendário de Arkana, mesmo assim ele tinha sido criado, e agora eu preciso também me acostumar com estas coisas. Não bastava as quatro horas do dia, vamos ter que estudar o Calendário Thenderiano também... que emoção, só que não.
Eu dei um sorriso sem graça, afinal não tinha lido muita coisa até agora e uma das coisas que gostaria de falar com ela, tirando o pedido de desculpa, é claro, seria se ela poderia voltar a ler os livros para mim. Ainda assim, Mystra...
"A verdadeira guia, a luz que penetra a escuridão, mas, com sede infinita e solitária em sua Solidão"
A maior Lua de Arkana, que brilha tanto quanto um sol nas noites deste mundo. Apesar da claridade que ela lança sobre a terra, tal luz vem com uma aura prateada que acinzenta tudo que toca.
Não é bem seguro caminhar sobre esta luz, pois, pelo que lembro do que criei, criaturas amaldiçoadas pelo Solar são capazes de andar pela terra apenas quando este evento acontece. Então seria um tipo de Dia dos Monstros, certo?
De fato, a luz das luas no Dia de Mystra permitia caminharmos sem muitos problemas. Normalmente mesmo com a luz da maior lua não seria suficiente, mas, com o alinhamento entre elas, a claridade não só se tornava real como algo extremamente incrível.
Resolvemos caminhar além das muralhas principais deste prédio.
Não tínhamos ido tão longe antes, mas, minha curiosidade permitiu ignorar o medo que estava antes de sair do edifício. Alexia estava ao meu lado, carregando consigo uma flor. Rodava o caule para que a fizesse girar de forma graciosa.
— Então é verdade... — Comecei a conversar — Todo este prédio e seus arredores foram feitos ao lado de um grande abismo. Quero dizer, estamos em uma montanha, certo? — a pergunta era óbvia, só que vindo de um mundo de fantasia, poderíamos esperar de tudo.
— Sim, por isso vemos as copas das árvores e não necessariamente elas em si — ela respondeu, seguindo olhar para os lados onde podíamos ver algumas, árvores, apenas, e todas as outras em níveis abaixo do nosso.
Então eu reparei que, apesar da tensão com a situação de caminharmos sozinhos pela trilha descendo a montanha, Alexia parecia não se importar.
— Você não tem medo? — perguntei, sem parar de caminhar, mas, olhando para o horizonte.
— De você? Sim — ela respondeu tão rápido que foi como uma facada no meu orgulho.
— Não de mim, ora... quero dizer, além de mim.
— Do que?
— Disso tudo. Dessa imensidão, do desconhecido... das outras coisas... quero dizer...
— Da morte? Da solidão?
— É, coisas do tipo.
— Sim, todos os humanos sentem este tipo de medo. Você não?
— Não sei — parei de andar naquele instante, olhando a lua tão próxima e tão grande — Sabe... no mundo de onde eu vim, éramos capazes de viver outras vidas nos jogos...
— É? — ela também parou, surpresa pelo que eu estava dizendo. Já tinha escutado o termo "jogo" antes, mas, até então, eu não tinha entrado em detalhes sobre isso.
Eu tinha decidido manter o mínimo possível de informações sobre o mundo real, porém, foi como se algo tomasse conta de mim dando-me a necessidade de conversar sobre o assunto.
— Sim, mas, tudo não passava de um jogo ou de vários jogos... — olhei para ela sob a luz de prata, tão bonita — Se você morresse, voltaria para um ponto novo em folha apenas para continuar jogando. Ou mesmo ignorava aquela vida e começava outra.
Essa é a vantagem de um jogo, certo? Você viver outra vida durante um momento sem se preocupar com a sua própria vida. Neste caso, você poderia bancar o herói, o vilão, ou só ser alguém diferente.
— Isso não deveria ser bom? Um lugar onde não podemos morrer?
— Entendi como você pensa, mas, qual o propósito de viver se a eternidade não pode nos fazer sonhar ou desejar...
— O que você quis dizer com isso?
— Sabe o motivo das raças que vivem menos que as outras possuírem mais membros vivos? — meio que ignorei a pergunta dela anterior pois não sabia o que estava falando, apenas deixei-me levar.
— Porque o Criador quis.
— É, não posso negar, mas, não é só por isso. É porque elas precisam dos outros para continuar vivendo através dos sonhos e dos desejos. Vamos utilizar o exemplo dos humanos — e peguei um graveto e sobre a terra eu fiz um tipo de desenho — Os humanos carregam a Chama Eterna, que queima tudo que toca.
— ... — ela ficou sem o que falar, mas, bem interessada, prestou atenção em tudo que eu falava e desenhava no chão.
— Podemos dizer que é uma desvantagem, mas, se você olhar para outro lado, é o que motiva o homem seguir sempre em frente, como um objetivo de vida — e coloquei no desenho algumas, setas e palavras — afinal, quando ele conseguir o anterior, vai em busca do outro, estando sempre em movimento. Quando isso não acontecer, provavelmente é sua hora de partir.
Alexia se aproximou do desenho e apontou para o fogo.
Depois que me toquei que tinha escrito em português e provavelmente para ela não entenderia nada. A maldição dos símbolos faria uma barreira até para minha explicação. Mesmo assim, eu coloquei o graveto sobre os símbolos e falei "Chama Eterna".
— Chama Eterna? — ela perguntou mais uma vez, curiosa.
— Sim. É como um fogo que precisa ser constantemente renovado. Seus sonhos e desejos são os caminhos para pegar o combustível para fazê-lo queimar. Enquanto isso, a satisfação e a felicidade são este novo combustível.
— Você disse que se a pessoa não preenche esse combustível, é hora de partir...
— ... — confirmei com a cabeça, e depois continuei — Este combustível que alimenta a Chama Eterna traz a satisfação e a felicidade, só que também consome nossos corpos. E isso tem a ver com o tempo que vivemos. Se vivermos muito, algum dia morreremos de velhice simplesmente porque nosso corpo já não conseguirá ir atrás dos sonhos e desejos como antes por causa desse próprio consumo.
— Isso é bem triste.
— Triste? Podemos dizer que sim, porém, se tu olhares por outro lado, essa tristeza só faz com que cada homem procure ainda mais felicidade para compensar. Além disso, a Chama Eterna é compartilhada. Então se você está feliz, provavelmente seus amigos e familiares também estarão.
— Acho que estou conseguindo entender...
— Respondendo à sua primeira pergunta, sobre a eternidade, uma criatura imortal não possui a necessidade de almejar algo que, para um mortal, precisaria ser feito enquanto estiver vivo. Quero dizer, o tempo que o limita também é o tempo que o motiva a fazer tudo que precisa ser feito enquanto vivo — dei alguns passos para o lado e fiz outro desenho — Neste caso, alguém que não é forçado pelo tempo a agir não precisará desejar ou sonhar nada. Claro que há exceções, mas, é como uma regra: Aquele que não precisa almejar algo antes de morrer, não precisará almejar algo nunca.
Porque eu estava falando disso tudo, afinal? O que tinha a ver com o início da discussão?
Nunca entrei numa discussão desse tipo nem mesmo na época do RPG e agora tinha até desenhado no chão... Sim, acho que entendi.
Estava tentando criar uma relação entre o medo da morte e o objetivo da vida. Afinal, não sabíamos o que acontecia com as pessoas depois de morrer no mundo real, e aqui e nos jogos virtuais, a morte não era o desconhecido.
Quero dizer, não é o fim, certo? Respirei fundo, e talvez me perdi um pouco — e de novo — no meu devaneio, olhei para Alexia que tomou a dianteira e eu comecei a segui-la.
— Isso foi bem diferente, Wynan. Nunca escutei algo igual a isso e mesmo assim, parece tão realista. Onde você aprendeu isso?
— Ah, por aí. Minha cabeça dura não serve apenas para bater na parede — disse sorrindo. Não me pergunte, pois eu mesmo não sei de onde tirei toda essa explicação.
— Às vezes não parece.
— Que cruel — ela deu uma risada quando eu disse isso.
— O Criador sabe que não quis ofender — Alexia às vezes menciona sobre o Criador, será que...
— Alexia, você mencionou o Criador...
— Sim, ele é Deus. O Deus que criou tudo.
— Você crê nele?
— Claro. Você não?
— Digamos que sim, digamos que não.
— Como alguém poderia crer e não crer ao mesmo tempo?
— Não sei. Só que me vêm essa dúvida. Falando nisso, não sabia que você acreditava no Cantar das Luzes. Isso sim foi uma surpresa.
— Sim, sou uma seguidora de Amaranthine e seus Cânticos ao Criador. Tem algum problema com isso?
— Não. Tudo bem agarrar em alguma coisa, afinal.
— O que isso quer dizer?
— Que precisamos ter fé para vivermos — neste ponto eu não saberia dizer se estava apenas falando o que ela precisava ouvir ou se eram minhas opiniões próprias.
O Cantar das Luzes tinha sido criado para ser a religião cristã no RPG. Monoteísta e tal. Mesmo assim, no mundo real eu me considerava um agnóstico. E mesmo o fato de o Cantar das Luzes ser a maior religião do RPG, com seguidores e templos, foi engraçado saber que Alexia era uma seguidora de Amaranthine.
Para facilitar, considere Criador como Deus e Amaranthine como Jesus Cristo. Basicamente possuem as mesmas funções da religião cristã. Por isso, o Cantar das Luzes tinha como um dos maiores ensinamentos: Amar o Próximo como a si mesmo.
Mas, como qualquer outra organização criada por "mortais", tinha suas falhas. De qualquer forma, O Criador tinha, de fato, sua própria existência — ao menos neste mundo — só que ele era inacessível a qualquer um jogador ou pessoa de dentro do mundo.
Então, até mesmo um seguidor de Amaranthine deveria ter fé no Criador já que não existiriam provas de sua existência. E olha que nem estou me referindo a mim como o Criador.
Já que ela estava me observando um tanto confusa, continuei a conversa com mais uma pergunta:
— O que você acha dele?
— Hã?
— É. O que você acha dele? Há uma guerra acontecendo... melhor, que está para recomeçar, entre Arkana e Arglësia. O que você pensa do Criador sobre isso?
— Ele tem um propósito por trás disso, não sou digno de entender o que ele planeja fazer...
— É. Boa resposta — o que deveria dizer à Alexia?
Que guerras foram feitas para dar um clima ao RPG? Para que os jogadores escolhessem um lado ou mesmo serem de alguma maneira afetados por ela?
Isso tudo foi feito apenas para ter algo para "jogar", mas, e os mortos e a destruição, como eles ficam nisso tudo? Respirei, não era hora de tentar entender tais coisas.
Alexia olhou mais uma vez para os desenhos no chão e começou a caminhar quando eu pedi que continuássemos. Descemos por uma trilha através da montanha vendo apenas as árvores e riachos pelo abismo. Ela olhou para mim e começou:
— Você diz estas coisas, e ainda assim não se lembra de muito. O que é você?
— Um humano, eu acho. Tenho a aparência de humano, não?
— Sim... — ela deu uma parada e olhou para mim com aquela expressão de "sério"? — Não foi isso que quis dizer.
— Digamos que eu ainda me lembre de algumas coisas, só que não tem a ver comigo.
— É bem estranho.
— Pode crer que sim — olhei para o abismo à frente do lado direito da trilha que estávamos utilizando. Ficamos ali aguardando um tempo até que me virei e perguntei — Você tinha mencionado sobre o Destruidor, Alexia, o que sabe sobre isso?
— Faz alguns meses que alguma coisa estava acontecendo em Arkana. Alguns lugares estavam sendo completamente destruídos por uma imensa onda de energia e explosões.
— Sério?
— Sim. Então alguns historiadores começaram a espalhar rumores acerca do Destruidor, um conto antigo — ela segurou o tronco de uma árvore e olhando para o horizonte começou a falar sobre o conto. Sobre aquela história, não tinha feito algo semelhante e igual a ela antes, prestei atenção em tudo que falava.
"Quando a Terra estiver em seu tempo final, eis que surgirá aquele com título de Destruidor, preparando o momento certo para seu golpe fatal. Trazendo o fim de tudo e da dor
Ele foi criado com um único propósito, lutar. Enfrentaria até os deuses apenas para ganhar e todos que um dia ousaram enfrentar.
Suas habilidades seriam temidas pelo reino, não haveria fronteira para o medo. Sua tirania iria começar afinal, e quando não houvesse mais jeito lançaria seu golpe final. O fim do mundo e de tudo"
— Isso foi bem impactante. Você acha que eu sou o Destruidor, Alexia?
— Não. Mas, não tenho certeza. Wynan, o que você mostrou ter feito sem "saber" é algo muito difícil de aceitar.
— Sim, eu sei — ainda mais para mim que qualquer coisa nova é nova o suficiente para me fazer ficar boquiaberto.
— De qualquer forma, eu não vi a imagem que o Mestre Arx disse ter visto. Se ela for verdade, o fato de você ter lutado contra o Deus dos Dragões já o coloca como esse título.
— Você não o acompanhou ao retirar meu corpo?
— Não. Neste caso, Mestre Arx me trouxe até o antigo edifício da Academia e me passou o que eu iria fazer desde então...
— Cuidar de mim?
— Sim. Ele mesmo não tinha certeza. Acreditava que você ainda poderia estar vivo. Então ele utilizou minha habilidade de enxergar o mágico e eu pude confirmar para ele.
— Entendi. Então ele teve que chutar neste caso.
— Chutar?
— Ah, me desculpe. Apostar é a melhor palavra.
— Como assim?
— Eu estava pensando sobre isso, Alexia. Porque o Arx iria até onde eu estava?
— Por que os guardas do vilarejo o chamaram?
— Se é assim, qual o nome do vilarejo?
— Não sei.
— Ok. Por que ele acharia que eu ainda estava vivo?
— Bem... seu corpo. Ele não possuía nenhuma ferida e estava no centro de uma explosão.
— Foi o que ele disse, certo?
— Sim, mas, eu vi... — ela ficou corada, mas, respirou e tomou coragem para continuar — eu vi seu corpo, estava morto, mas, sem nenhum sinal de luta.
— Entendo... Opa, viu o que?
— Por que você tenta levar para esse lado? — ela virou-se ainda mais com vergonha.
— Brincadeira, brincadeira. Tudo bem. Então vamos resumir que ele estava onde precisava estar e percebendo que eu poderia estar vivo devido ao meu estado, me trouxe para cá... quero dizer, por quê?
— Ele disse que não poderia te levar para outro lugar senão iria trazer muitos problemas, com a população.
— E por quê? Antes de me encontrar você saberia dizer quem era eu?

Bình Luận Sách (2605)

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    E misturado kkJunto

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    5h

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  • avatar
    Kauane Ribeiro

    Perfeitoooooo

    15h

      0
  • avatar
    Ayslanp

    bom

    16h

      0
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