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Capítulo 04: O Sequestro

O coração de Xuantuk.
Como já dito, Marg era uma pessoa curiosa que gostava de investigar os mistérios do mundo. Lá estava ela, sentada na frente de um computador buscando informações sobre o amuleto. Não encontrou muita coisa. Apenas sabia que o Coração de Xuantuk foi usado na cura de feridos, doentes e também para trazer mortos de volta à vida. De fato era um artefato mágico de poder infindo. Só que, uma informação em especial chamou-lhe a atenção; no último parágrafo do artigo, havia o seguinte trecho destacado;
  Um desejo pode ser realizado ao portador do amuleto.
   Um desejo? Que tipo de desejo faria ela? Dinheiro? Popularidade? Respeito? Amigos?
   A jovem abriu um sorriso enquanto encarava o objeto em cima da escrivaninha. Tomou-o nas mãos com delicadeza.
    - Um desejo...- sua mente viajou de volta às memórias de menina. Tudo o que ela queria aos quatorze anos era uma vida feliz ao lado de alguém especial. E aos dezessete anos aquele desejo continuava mais vivo em seu coração do que nunca.
    "Eu desejo", aninhou o amuleto entre as mãos e fechou bem os olhos, a mentalizar com muita fé o pedido, "eu desejo um amor verdadeiro."
    Marg ao terminar voltou a observar o lindo artefato mágico. Um fraco sorriso brotou em seus lábios.
     - Eu duvido que seja um amuleto mágico de verdade...
    Ela rapidamente pegou sua bolsinha que costumava levar o celular, carteira e alguns documentos dentro; enfiou o amuleto ali, para ter a absoluta certeza de que mais ninguém além dela e Leo tocariam no objeto, e então saiu rapidamente para comprar as duas garrafas de refrigerante na vila mais próxima. O caminho até lá era um pouco isolado, mas nada tão assustador; havia uma pista com o asfalto gasto e com mais crateras que a lua; havia uma pequena floresta de pinheiros plantada ao longo da estrada; haviam pequenas casinhas isoladas em pontos aleatórios da paisagem. Marg gostava de andar por ali. Era bom para distrair a mente e também para encontrar algumas respostas que vez ou outra buscava. Só que, às vezes, ela se esquecia o quão maldosa poderia ser uma pessoa perturbada por seus demônios pessoais. E quando um perturbado decidia se juntar com outros perturbados, absolutamente nada de bom poderia sair. Caminhando distraída pela beira da estrada, com os fones dispostos sobre os ouvidos, Margarida sequer ouviu quando um carro diminuiu a velocidade ao seu lado.
    - Olha, se não é a Marg! Olá, Marg! - saudou um rapaz de cabelos loiros cortados à altura das orelhas, aparecendo no teto do veículo. Ele tinha em uma das mãos uma garrafa de vodka quase vazia. Acontece que aquele sujeito era Luciano, seu colega de classe. Um riquinho do sul do país, que por algum motivo havia ido morar ali em Pitombinas. Era um dos mais velhos da sala, com vinte anos nas costas, quatro repetências no histórico, e muitos problemas familiares.
   Margarida começou a andar mais rápido. Haviam mais pessoas no carro. Provavelmente alunos da escola também, já que podia ouvir nitidamente várias risadas.
    - Não seja grossa, Marg! Diga oi aos seus amigos! - Luciano insistiu. A garota começou a andar muito mais rápido. Já assustada com tudo aquilo. Quando, inesperadamente, o loiro jogou a garrafa de vodka em sua direção, atingindo-lhe a cabeça. O golpe certeiro fez Margarida ir ao chão. Ainda estava semiconsciente. Mas por alguns segundos pensou que fosse morrer de desespero. Quando pensou que aquelas pessoas finalmente fossem embora, depois de terem-na machucado por motivo nenhum, eis que o carro parou de andar, e não apenas Luciano desceu dele, como também mais dois colegas de classe, que a jovem imediatamente reconheceu como sendo eles Saulo e Felipe. Ambos amigos de Marcela. O pânico invadiu-a. Será que sua irmã estava por trás daquilo?
    - Por favor...- um pedido de piedade. Baixo. Cansado. Pois era exatamente como ela se sentia. Cansada. - por favor... não me machuquem...
     Saulo, o moreno de cabelos trançados, riu. Felipe olhou para Luciano, como se esperasse por uma ordem.
    - Você vacilou muito quando pegou o namorado da sua própria irmã. - sussurrou o loiro. Marg sentiu a garganta apertar.
   - Eu não fiquei com ele! - berrou. Ela era a vítima. Será que as pessoas não entendiam? Ou não queriam entender? Porque desde sempre, aquela gente do colégio esteve inventando diversos pretextos para odiá-la sem motivo nenhum. O que seria dos adolescentes sem alguém para odiar? Alguém em quem descontar suas frustrações? Margarida começou a chorar. Não estava conseguindo mais responder por si mesma. Seu coração doía, sua mente estava cansada.
    - Eu não estou com pressa, e vocês? - perguntou Luciano. Lançando olhares mais do que significativos para os dois adolescentes ao seu lado.
    - Eu também não. - respondeu Felipe.
    - E eu muito menos! - Saulo.
    Marg juntou o pouco de forças que ainda restava dentro de si; um pouco zonza pelo ataque, saiu andando aos tropeços em direção à vila, mas sequer conseguiu seguir adiante, pois Luciano correu até ela, agarrou-a pelos cabelos, a arrastou e, com a ajuda dos amigos, conseguiu socá-la no porta-malas. Seus gritos ecoavam abafados. Aquilo não podia estar acontecendo. Só podia ser um pesadelo. Gustavo, o motorista, e por ironia outro playboy repente, começou a rir de toda a situação; Luciano aumentou o volume do rádio;  Felipe e Saulo fingiam não escutar os gritos de Marg no porta-malas. A garota nunca sentiu-se tão desesperada. O medo mesclado à raiva a fazia gritar cada vez mais alto. No rádio Paradise City da banda Guns N'Roses tocava em seu volume máximo, enquanto os quatro jovens cantarolavam alto batendo a cabeça no ar. Então aquilo acabaria por ali mesmo? Sua vida acabaria daquela forma, ao som de hard rock dos anos 80? Marg deu o que talvez fosse o seu último grito.
                             000
   Vila Dos Faróis sempre foi uma cidadezinha repleta de acontecimentos estranhos. Para lá de estranhos! De óvnis à caboclo d'água; de guardiões da mata à seres místicos lendários. Sem dúvidas um lugar único que não fora feito para qualquer sujeito medroso botar os pés lá. Dona Joana e seu marido Sebastião já haviam visto de tudo naquela vida. Estavam convictos de que nada mais pudesse surpreendê-los. Bom. Mal sabiam eles, que sim, ainda havia muito o que ver nesse mundão! Naquela manhã, o casal estava fazendo uma rotineira trilha às proximidades da Br-447, caminhando entre os paredões de árvores que por ali existiam. Era um pouco cansativo, devido à subida um pouco íngreme. Mas era uma experiência única para os amantes da natureza. Ainda mais para os místicos. Segundo eles, havia algo diferente naquele lugar. Algo...mágico. E especial. Joana e Sebastião fizeram o rotineiro percurso até uma cachoeira local. Só que, naquela manhã, algo estava errado; perto da cachoeira - não muito perto, na verdade,- existia uma mina de extração. Desativada há quatro décadas. Geralmente haviam barras de madeira pregadas na entrada, a fim de impedirem os curiosos. Só que, não haviam mais as tais barras bloqueando a passagem. Todas elas haviam sido rompidas.
    - Até ontem a entrada da mina estava bloqueada! - comentou dona Joana. Sebastião estava sentado em cima dos próprios tênis, descansando os pés. - Algum vândalo arrombou! Para pichar lá dentro, provavelmente!
   O casal não deu muita importância. Só que, mal sabiam eles. Que nenhum vândalo era o responsável. Sequer alguém era o responsável. E sim, algo! Minutos depois, um homem saiu de dentro do paredão de árvores caminhando com passadas largas em direção à mina. Joana arregalou os olhos; Sebastião empalideceu. Não era um homem. Parecia um, mas não era! Seu corpo era musculoso, coberto de pelos acinzentados. Haviam algumas tatuagens espalhadas pelo corpo. Havia uma calda peluda despontando de seu saiote verde esmeralda; um focinho protuberante na face, e um par de orelhas caninas bem atentas. Suas mãos possuíam cinco garras afiadas, prontas para matarem qualquer coisa que aparecesse pelo caminho. O casal percebeu que em uma das mãos da criatura havia uma pá. Sim. Uma pá.
    - Joana, olha só! É uma daquelas criaturas que aparecem nos livros de história! - sussurrou Sebastião, em um misto de pânico e fascínio. Sua esposa tremia mais que vara verde, mal sustendo-se de pé,- as criaturas que protegiam os túmulos dos nobres Tashalunis! Qual é o nome mesmo...? É...Vagaris? Vacaris?
    -V-vokaeris... guardiões pós-mortem...- a mulher abriu um sorriso nervoso.-isso é fake, Sebastião! É só uma pessoa fantasiada...tem que ser!
    - Vamos espiar?
    - Você ficou maluco?!
    - Se é apenas uma pessoa fantasiada, então não há porque ter medo! - o homem calçou os tênis rapidamente, então com passos rápidos seguiu em direção à mina. Joana não sabia o que fazer; seguir seu marido louco aventureiro, e morrer pelas garras da criatura? Ou ficar ali, morrendo de curiosidade? Uma coisa que ela detestava, era ficar na curiosidade! Optou pela morte mais agradável. Seguiu o homem.
   Sebastião estava escondido atrás de alguns pedaços de madeira, que posteriormente formavam uma segunda barreira na mina. Daquela distância, ele tinha uma visão bem clara do que estava acontecendo; com a pá que provavelmente havia roubado de algum fazendeiro distraído, a criatura fazia vários buracos em pontos aleatórios do chão. O homem viu algo que o deixou extremamente horrorizado; em um cantinho havia uma pilha de ossos; e, ao lado, as partes de baixo de um esqueleto. Estaria quase inteiro se não lhe faltasse o dorso, os braços e a cabeça.
    - Misericórdia...! O que é isso...? - sussurrou Joana chegando nas pontas dos pés. Sebastião apontou para a pilha de ossos.
    - Fizeram picadinho do pobre coitado...que ele esteja em um bom lugar.
   A criatura continuou escavando. Até que perdeu a paciência e jogou a pá para o lado, começando a meter as próprias garras na terra. Joana achou um tanto fofo. Era como um cãozinho cavando no quintal! Um cãozinho do inferno...mas ainda sim fofo. Depois de alguns minutos, a criatura acabou por encontrar um crânio. Observou atentamente. Farejou. Então colocou junto à pilha de ossos. Cheirou o ar por mais alguns segundos. Por um momento, o casal espião petrificou. Mas a criatura simplesmente pareceu ignorar a presença deles.
    -Kuvai monka'ha ur'kai! Murin!
   - O que...o que o bicho tá fazendo...?- a mulher arregalou os olhos. Observou o homem-cão parado em frente aos ossos, com as tatuagens de seu corpo brilhando intensamente em um tom verde esmeralda, enquanto berrava algumas palavras estranhas.
    - KUVAI MONKA'HA UR'KAI! MURIN! OH, MURIN! FU'YA MOKETO YUA'PA! YUA'PA! YR RU'K: YUA'PA! YUA'PA! MURIN, YUA'PA!
  E de repente, um vento misterioso começou a soprar de todas as direções; pedaços de terra, pedras,  voando sem controle por todos os lados; o crânio recém-encontrado tombou; os ossos começaram a vibrar;
As pernas do esqueleto tremeram; cada pedacinho de osso começou a levitar de um jeito misterioso e assustador, juntando-se como pequenos quebra-cabeças anatômicos. A última peça a encaixar foi o crânio. Os ombros caídos, as pernas trêmulas, o olhar vago encarando o nada enquanto suaves tecidos de pele começavam a revesti-lo lentamente. Um rosto começou a tomar forma. Um rosto belo como o pôr-do-sol, e sem nenhuma cicatriz do passado. Seus olhos ainda permaneciam fechados. Seu corpo, ainda sem estrutura para manter-se de pé sozinho. Sebastião empalideceu; Maria começou a sentir a pressão esvaindo lentamente. Aos poucos fios negros, fios macios como ceda começaram a nascer em uma cabeça antes reluzente como uma bola de bilhar.
    - Não é possível...-a descrença era visível no olhar da mulher. Estava em estado de negação. Mas ela sabia. Não importava o quanto negasse. Tudo estava acontecendo diante de seus olhos.
    A criatura curvou-se. Os sopros misteriosos cessaram. E um ressuscitado abriu os olhos. A primeira coisa que fez foi olhar as próprias mãos; depois, tocar os cabelos, que assim como em um passado muito distante, chegavam até as costas; depois tocou a barriga, as pernas, o rosto. Seus olhos escuros pousaram diretamente no homem-cão agachado em uma reverência.
    - Mu...kuh"hai...?- as primeiras palavras que escaparam de seus lábios levemente carnudos. E abriu um sorriso ao ouvir a própria voz. Continuava a mesma.
   A criatura levantou-se de repente. Ergueu o focinho farejando o ar. Só que, dessa vez ela não ignorou as presenças estranhas.
   - NINGUÉM VAI ACREDITAR NA GENTE! - berrou a mulher, enquanto corriam para fora da mina.
   - VÃO SIM! EU GRAVEI UM PEDAÇO! - e ao modo maratona, os dois então desapareceram em meio ao paredão de árvores.
                             000
   - Pronto, passarinho! Você está livre! - Luciano transmitia divertimento. Como se aquela fosse uma "brincadeira"comum para ele. A jovem sentiu a luz do sol atingindo-lhe os olhos quando o porta-malas foi aberto. Sem cuidado algum, o loiro tirou-a lá de dentro. Ele riu da cara de espanto da garota; assim que ela deu-se conta de onde estava. Era...uma rodovia? Aos arredores, pastos verdinhos e imensos.
   - Onde... estamos?- a voz embargada a fazia gaguejar.
   - Br-447.
   Marg entrou em pânico. Aquilo...aquilo era muito longe de casa! Quase na fronteira com outro estado!
    - Por favor, não me deixe aqui! - o quão desesperada estava, para suplicar ao seu próprio raptor que não a deixasse ali no meio do nada?
   O loiro riu.
   - Ninguém vai sentir a sua falta mesmo!
   Com um olhar um pouco mais sombrio ele aproximou-se da jovem de cabelos negros. Empurrou-a um pouco mais além da margem da pista. Suficiente para que ela tivesse uma visão ampla de toda a paisagem à sua frente. E também para que visse um pequeno precipício logo abaixo de seus pés. No meio do precipício haviam muitas árvores. Tantas árvores que quase se formava um lindo tapete verde. Talvez Marg estivesse maravilhada com a visão. Em outro momento. Em outras circunstâncias.
     - Por favor. Não. - a última súplica. - O que eu lhe fiz...? O que eu fiz?
     - Eu não gosto de você. Simples assim. - foi a resposta dele. O olhar da garota tornou-se carregado de medo. O choro que ela tentava controlar, eclodiu. Seu soluço baixo começou a irritá-lo. Qualquer coisa que Marg fizesse o irritava. Irritava qualquer um deles.
     - Luciano, faz isso não, cara! - falou Felipe aparecendo no teto do carro. O loiro abriu um sorriso.
     - É só um pequeno susto! - curvou a cabeça da garota, obrigando-a a olhar para baixo. Mas ela se recusava a abrir os olhos. - Nunca se meta com nenhum de nós. Está entendido?
    Marg assentiu.
     Pediu para que ele a libertasse, mas o loiro continuou segurando-a.
    - Você não gosta da vista? - riu.
    Naquele momento, um motoqueiro que passava por ali acabou buzinando, mas não parou. No susto Luciano soltou Margarida. Por estarem muito perto da margem da pista, a garota  desequilibrou-se. Seu corpo desceu rolando pelo pequeno precipício. No trajeto não haviam muitas coisas que pudessem machucá-la. Apenas grama. Mas, lá embaixo, havia um pequeno amontoado de árvores. Talvez o pedaço de uma mata, ou árvores que foram plantadas propositalmente. O motivo ninguém sabia. Mas elas estavam lá. E foi justo lá o destino final de Marg.
   Os quatro amigos trocaram olhares ao verem o corpo da garota desparecer no meio da vegetação.
    - Você soltou ela...- falou Gustavo.
    - Não! Eu não soltei! - gritou o loiro. Um silêncio incômodo acompanhou o quarteto por breves segundos.
    - E agora? - indagou Felipe.
    - E agora que isso não é problema nosso! Vamos voltar para Pitombinas, na moral! Já tivemos estresse demais por hoje! - Luciano voltou para o carro. Os três adolescentes trocaram olhares entre si. E então adentraram o veículo também. O amigo estava certo. Não era problema deles.
  000
     Um rapaz havia acabado de roubar roupas de um varal. Ninguém sabia quem ele era, porque ninguém o havia visto. Mas, se perguntassem por uma criatura cinza metade homem, metade lobo, logo acabariam por encontrá-lo também, pois os dois sempre andavam juntos. A criatura já era famosa entre os moradores locais; fora flagrada diversas vezes roubando ovos do galinheiro, roubando ração dos cães, e também roubando peixes dos pescadores. Acontece que o ladrão de roupas era mais discreto. Mais..."normal". Logo não atraía tantas suspeitas para si. Só que o moço detestava tomar o que era dos outros. O fizera apenas por necessidade, pois não era nada legal andar por aí mostrando as partes baixas.
     - Aku mura ka'ru' evoi? - perguntou ele, ajeitando a camisa azul de mangas compridas. Aquelas roupas eram tão estranhas!
    A criatura-cão olhou para ele. Assentiu e murmurou algo em uma língua estranha. O rapaz sorriu, e então continuaram o percurso pela trilha. Aquele lugar...com natureza...com pequenos animais estranhos...lhe parecia pouco mais familiar... Mas já não podia dizer o mesmo das casas. Das pessoas. Era tudo tão esquisito.
    "É assim mesmo o mundo dos mortos? Eu...o imaginei de outro jeito!"
    A criatura-cão de repente parou de andar. O rapaz, estava completamente perdido. Seu guardião pós-mortem já conhecia melhor o território, pois havia caminhado muito por ali em busca de alimento. Já ele não sabia exatamente o que fazer. Nem para onde ir naquele mundo estranho! Só sabia que precisava encontrar alguém.
    - Mu'ka! - o homem-cão saiu correndo em uma direção específica.
    A criatura acabou por encontrar um corpo caído no meio de algumas pedras. O corpo de uma jovem. O rapaz se aproximou. Com os lábios entreabertos. Abaixou-se ao lado dela e lhe virou o rosto em sua direção. Era Marg. Quase morta. Sua pele cheia de arranhões, com cortes mais profundos a sangrar; um filete de sangue escorrendo da testa. Diversos machucados pelo rosto. Mas o que chamou a atenção dele não foi o estado da garota, e sim suas características. Observou-lhe cada detalhe do rosto. Com o coração apertado. A criatura, que ainda parecia louca com o show de estímulos olfativos, percebeu que Marg tinha uma bolsinha de cordão na lateral do corpo. Tirou-a. Abriu o acessório sem cuidado algum. Jogando algumas coisas para fora, como uma identidade, um pedaço de couro rosa cheio de cartões estranhos dentro, um pedaço de algo que parecia metal, cortado simetricamente em formato quadrado, mas que acabou por assustar a criatura ao acender e fazer um barulho estranho; e por fim, um colar de ouro, com um rubi na ponta. O rapaz sentiu-se palpitar por dentro ao ver o objeto nas mãos do homem-cão. Olhou para a moça outra vez; tocando-lhe delicadamente o rosto machucado.
    - Zatalim...?
                              000
   Marg sentiu aos poucos a consciência voltando para si. Haviam diversas feridas em seu corpo. Mas nenhuma delas superava a emocional. Lentamente, mexeu os dedos; mexeu as mãos. O corpo. As pernas. Ótimo. Conseguia se mexer. Seus olhos pousaram em um teto de madeira. O que estava acontecendo? Que lugar era aquele? Pois não parecia em nada com o teto de seu quarto.
    -A Br-447...eu estava lá...aí...- a cabeça latejava.
    - Você despertou. - aquela voz não soava familiar para ela. A jovem fez um pouco de força para virar a cabeça, o que doeu um pouco. -Tive medo que não resistisse.
     Marg estava confusa. Muito confusa. Ao lado dela, havia um rapaz de camisa verde-musgo, levemente desabotoada. Seus cabelos eram muito negros e compridos. E seu olhar... intenso. Ele tocou-a delicadamente no rosto. Mas, a garota deu um pulo da superfície onde estava deitada.
     - Quem é você?!
    Ele pareceu confuso.
    -Como assim...? 
     Marg estava em estado de choque. Era muita coisa para processar. 
       - Não sei quem é você...- suas palavras surtiram efeito no estranho, que a observou parecendo um pouquinho decepcionado.
    "Deve ter sido efeito da pancada."
     Ele abriu um sorriso fraco.
      - Sou Fewlen...seu marido.
      - Ah...Fewlen..?- Marg não conseguia esconder o pânico. Céus! Aquele cara era um maluco? Droga! Havia saído das mãos de um assassino, para cair na casa de um perturbado.
      - Moço...o único Fewlen que eu conheço é o Príncipe Fewlen, uma múmia de mais de dois mil anos de idade...- brincou. Mas o olhar dele parecia bastante sério.
      - Hein...? Agora sou eu quem estou confuso. - levantou-se. A jovem o observava um pouco tímida. Ele era tão bonito.- Você é a Princesa Zatalim. Da tribo de Euka... não é?
    - Não sou. - foi curta e grossa. Os olhos acastanhados do homem misterioso pousaram nela outra vez, como se absorvesse atentamente toda a situação.
     - Não entendo...se não é a Zatalim, então por que estava com isso?- ele mostrou-lhe o amuleto de rubi. Marg empalideceu. 
    - Eu estou responsável pelo amuleto. An...falando nisso...pode me devolver...? Se essa coisa sumir, meu irmão será demitido!
    - Foi uma queda terrível! O que aconteceu?
   Marg sentiu a garganta apertar com as lembranças. Ela havia sido jogada da rodovia direto ao precipício. Para os braços da morte.
   - Tentaram me matar...
   - Você não era alguém de ter inimigos. Diga-me quem é. E tomarei providências imediatamente.
   A jovem ficou um pouco espantada com as palavras do desconhecido. Ao perceber o semblante dela, o rapaz abriu um sorriso.
    - Eu... não gosto desse tipo de situação. Mesmo que não nos conhecemos, saiba que podemos ser amigos. E amigos protegem uns aos outros. - na verdade, ele estava sondando o terreno. Para saber se a memória da garota realmente havia sido danificada, ou se ela não passava de uma pessoa aleatória estranhamente idêntica à sua esposa.
     - Desculpa, eu não te conheço...-Marg levantou-se da cama. Seu corpo inteiro doía. Mas pelo menos não havia quebrado nada. O que era muito estranho, dada à altura mortal que havia despencado. Seria algo relacionado ao amuleto? Não. Era muita loucura! Ele ficou observando-a de pé. A jovem olhava aos arredores como se quisesse buscar familiaridade com o ambiente. Era uma cabana muito velha. Provavelmente abandonada há muito tempo. Bom. Ele também estava confuso. Sobre muitas coisas. Sobre o mundo misterioso em que se encontrava. Sobre como e por qual razão havia ido parar ali.

Bình Luận Sách (2581)

  • avatar
    FernandesMaria Laiane

    incrível

    2h

      0
  • avatar
    SoaresCalos Eduardo

    muito bom

    21h

      0
  • avatar
    Davimiguel Duarte Souza

    muito bom gostei muito

    1d

      0
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