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Capítulo 02: A Múmia

"Durante o Império Asguziano haviam aproximadamente 5 milhões de povos Tashalunis vivendo nas cidades de Las'huan, Nochchal, Kaurzi e Quan'zauhl. Estima-se que assim como os antigos egípicios esses povos viviam da colheita e da pesca, mas não é nada concreto ainda.
 Em julho de 2012 foram encontrados durante escavações na cidade vizinha de Bom Cajueiro, dois misteriosos sarcófagos datados de aproximadamente 2.000 a.c. Diversos historiadores desconfiavam que nelas estariam guardadas múmias de antigos nobres Tashalunis, pois ambos os sarcófagos haviam sido produzidos com ouro puro e adornados com pedras preciosas. Após dez anos de análises de dna foi constado que as duas múmias encontradas não possuem grau de parentesco."
  ''O mais intrigante não é o estado de conservação de ambos os achados. Quando vi os dois sarcófagos, eu apenas pensei: minha nossa! Eles são enormes! Imaginei logo se tratarem de gigantes. E eu estava certa em minhas suspeitas. As múmias Tashalunis, ambas do sexo masculino, ultrapassam a altura média dos homens atuais e provavelmente dos homens daquela época também. Um deles possuía 2,14 de altura. Enquanto o outro,  2,00. O curioso é que Coayli, a múmia maior, trazia um tipo de cetro consigo.''
  'Um cetro mágico, dra. Analice? ''
''Olha, eu não descarto essa possibilidade. Parece que a civilização Tashaluni possuía um grande tesão sexual em magia, oferendas e deuses extraterrestres! Mas aconteceu algo bastante curioso  durante nossas pesquisas; ao aproximarmos o cetro das diversas múmias Tashalunis encontradas, ele emanou uma luz dourada muito intensa. Não sabemos o que diabos aconteceu ali. Mas uma delas, uma criança, reagiu à esse acontecimento; seus olhos também ficaram dourados. Temos a teoria de que o cetro serve para reviver os mortos (rs). Bom. Seja lá qual for a função deste objeto, eu prefiro que as múmias continuem adormecidas! Não o retiramos para análise, temendo uma possível maldição ancestral. Lembrem-se do que aconteceu quando abriram o sarcófago de nosso amiguinho Tut. Por isso o cetro está no Museu Nacional de Pitombinas, bem quietinho junto ao seu provável dono."
''Bom, mudando de assunto... muitos amantes de história querem saber se vocês estão procurando por Cauzce e Fewlen. Inclusive sou eu um destes amantes!"
''Sendo bem sincera...desde que a múmia do príncipe Coayli foi encontrada, estivemos buscando pelos outros membros da família também. Já encontramos mais de duzentas múmias Tashalunis, que inclusive estarão para exibição no museu. É uma tarefa complicada. Acreditamos que os sarcófagos de Fewlen e Cauzce estão soterrados em algum lugar aqui de Pitombinas. Seguimos firme com as buscas."
    Margarida escrevia rapidamente em seu caderno algumas informações que havia pego na internet. Vez ou outra dava uma olhadela na TV, onde passava uma reportagem sobre os povos Tashalunis. Mas não podia perder tempo com distrações. Havia esquecido de fazer o trabalho de biologia. Como sempre. Não por desleixo. Afinal, era uma aluna exemplar. Sua falta de atenção devia-se ao excesso de preocupações ao longo dos últimos dias.
    "A partir de hoje, você morreu para mim."
   "Tantos outros, e justo ele...o que eu te fiz?"
   "Solidão é pouco para alguém como você. Quem destrói a felicidade alheia merece se ferrar e muito!"
   As palavras de Marcela perfuravam a mente e o coração de Margarida como facas afiadas.
    "Irmã... não fiz nada! Eu juro! Foi ele! A culpa é dele!"
   Dizia Margarida. Mas, a irmã estava cega de amor, e obviamente nada que dissesse em sua defesa faria diferença.
    Marcela estava convencida de que seu namorado era inocente e Margarida a culpada pelo assédio sofrido.
    — Que droga! — a jovem deixou a caneta na escrivaninha, ao lado do caderno. Todas as lembranças lhe provocavam dor instantânea. Marg limpou uma lágrima, e lembrou-se da promessa que havia feito à si mesma; não se culpar por nada. Só havia um culpado naquela história toda. Mesmo assim ainda era doloroso para ela ver sua irmã, seus dois melhores amigos e todas as pessoas do colégio tratando-a como a maior vilã de todas, por causa de informação errada, por causa de boatos maliciosos.
   Era Marg contra tudo e todos.
   A jovem aproximou-se da janela. Olhou a lua. As estrelas. Contemplou a escuridão. E por um instante quis desaparecer no meio dela. Seus olhos então foram prontamente atraídos para o final da estrada ao longe, onde os faróis de um carro denunciavam a chegada de alguém. Instantes depois o veículo estacionou, e dele saiu um rapaz de cabelos curtos acastanhados.  Era Leonardo. Uma das poucas pessoas que ainda não havia dado às costas para Marg.
    — Boa noite princesa, vim buscar o meu detector de metais! — ele foi direto ao assunto. Parecia com pressa. Margarida não entendeu nada. Geralmente Leonardo se empanturrava de bolo, café e pão quando chegava na casa dos pais, pois os mesmos queriam se certificar de que ele estava se alimentando bem. Ao invés disso ele recusou, apenas cumprimentou-os e pediu para Marg devolver-lhe o detector de metais.
     — Qual foi lombriguento, vai comer nada não? — falou Marcela jogada de qualquer jeito no sofá da sala. E ela ainda continuava ignorando Margarida.
    — Vou não, dente de jegue...estou com pressa. Preciso resolver algo pra já.
    — Dente de jegue é você! — protestou a jovem, levantando-se do sofá e rindo. Margarida estava parada perto da escada, observando a interação entre os dois em silêncio. A verdade, é que ela sentia medo. Muito medo de Marcela difamá-la para o irmão, igual havia feito no colégio. Marg perdeu amigos. Perdeu confiança. Perdeu respeito. Ela não queria perder Leo também.
    — Você parece um pouco preocupado. — comentou Rosa, a mãe dele e das meninas. — Algo envolvendo o trabalho?
    — E como...— o rapaz sorriu sem graça, coçando a cabeça freneticamente quase arrancando o couro. De fato, ele estava muito nervoso e não conseguia disfarçar. Era compreensível. Qualquer um que presenciasse uma múmia milenar ressuscitando provavelmente estaria no mesmo estado.
  Marg subiu para o quarto e voltou trazendo consigo o detector de metais.  Leo agradeceu rapidamente, despediu-se de todos e então sumiu pela estrada com seu carro prata, de volta ao centro da cidade. Um silêncio constrangedor preencheu a sala quando os pais de Mag e Marcela anunciaram que já estavam indo dormir, deixando as duas jovens sozinhas. A primeira coisa que Marcela fez foi levantar-se do sofá sem dizer uma palavra. Lançou um olhar carregado de desprezo para a irmã e então subiu as escadas rapidamente, desaparecendo por vários minutos seguidos. Bom. Já era tarde da noite. Capaz que já havia ido dormir também. Completamente sozinha na sala, assistindo à uma sessão de filme aleatória, Marg nunca sentiu-se tão solitária. Seus pais eram um pouco distantes. Não ao ponto de serem frios. Mas distantes. Por conta da criação que haviam tido. Marcela, já havia matado-a em seu coração. Leonardo, era muito ocupado e mal tinha tempo para vê-la. Amigos, já não tinha mais. Amigos virtuais, muito menos, pois todos não duravam nem uma semana. Um suspiro triste escapou dos lábios da moça. Permaneceu no recinto por alguns minutos, assistindo à um filme policial, antes de finalmente desligar a TV e voltar para o quarto.
                               000
    A manhã parecia um tanto... frenética? Sim. Não apenas parecia. A manhã estava uma loucura que só! As ruas estavam todas tomadas por caminhões do exército, dificultando ainda mais o trânsito que já não era nada bom. Geralmente tais veículos só apareciam em ocasiões especiais, como desfiles militares, ou então em datas significativas para o país. Mas aquele era um dia absolutamente normal. Irritados, os carros buzinavam freneticamente, os transeuntes curiosos paravam para fotografar e os idólatras esperançosos berravam aos ventos que finalmente o exército estava indo fazer justiça.
    Margarida observava toda a movimentação através da janela do ônibus. Os fones dispostos sobre os ouvidos ajudavam a abafar um pouco os gritos dos alunos ao redor. Mas não serviam como blindagem. Pois, ela podia sentir as bolas de papel atingindo-lhe os cabelos; podia sentir os olhares de ódio gratuito sobre si; podia ouvir, de longe, as risadas.
     — DROGA DE EXÉRCITO, NÃO APARECE QUANDO PRECISA, MAS APARECE PARA ATRAPALHAR O FLUXO DOS CARROS! — berrou Jonathan, um moleque de cabelo lambido e sapatos caros demais para alguém que frequentava um colégio comum. Ao lado dele, Diogo, o garoto que há duas semanas atrás havia sido levado à diretoria por fazer apologia ao nazismo, concordou balançando a cabeça.
    O ônibus parou em um ponto pouco antes da ponte. Dois alunos subiram. Fernando, e Rafaela. Marg olhou para ambos. Seus amigos...eram seu amigos antes de toda aquela confusão acontecer. Fernando, o jovem de estilo alternativo, lançou um olhar rápido para Margarida, indo rapidamente para o fundo do ônibus. A garota chamada Rafaela também lançou-lhe um olhar. Mas não havia desprezo nele. Por um momento Marg sentiu um fio de esperança brotando dentro de si. A troca de olhar sútil. Pensou que a jovem de cabelo colorido e curto fosse sentar ao lado, e Marg já estava quase tirando a mochila do banco para ela. Mas, tomou um banho de água fria quando viu Rafaela indo para o fundo do ônibus também. A garganta começou a arder. A vontade de desabar veio com força. No entanto Margarida já estava forte o suficiente para prender o choro. Não daria a ninguém dali o prazer de vê-la chorar. Durante todo o percurso ela manteve-se com os olhos vidrados na janela. Quando, ao chegarem na avenida principal, a jovem foi prontamente desperta pelos gritos fervorosos das estudantes no fundão do ônibus.
    — GOSTOSO!
    — QUEBROU A CARA VEM QUEBRAR A MINHA CAMA, LINDO!
    — QUE ISSO, HEIN? NÃO É SEU ANIVERSÁRIO MAS TÁ DE PARABÉNS!
  Marg estava quase morrendo de desgosto com todas as cantadas baratas. Não entendeu nada. Para quem elas estavam gritando? Foi então que viu todas as alunas se amontoando do lado esquerdo do ônibus, nas janelas. Ela não queria chegar perto daquelas garotas. Mas estava curiosa. Aproveitando que uma janela estava vazia, caminhou até ela segurando-se nas barras. E só soube o porquê de não haver nenhuma garota ali, quando viu a pessoa que estava sentada no banco. Era Klaus Hayashi. O aluno mais nerd do colégio. E o mais odiado também, por sempre entregar seus colegas para a diretoria. Mesmo apanhando com frequência Klaus não aprendia a lição. Continuava denunciando todos. Era uma diversão para ele. Ao ver Marg o japonês franziu o cenho.
    — Fique no seu banco, por favor. Não quero nenhuma garota sentada do meu lado.— falou o jovem, fazendo-a erguer uma sobrancelha.
    — Não sou Madre Tereza De Calcutá para fazer caridades. — disse, ríspida, prendendo logo o olhar na janela.
    — Como é que é? Sua...
   Margarida viu então o porquê de toda a histeria feminina. No meio da avenida, andando no meio dos carros,  havia um rapaz de saiote verde musgo discutindo com alguns transeuntes. Mas o que chamou a atenção não foi sua saia enorme. E sim o fato dele estar sem camisa, com os músculos completamente amostras em uma pele dourada e atraente. Os cabelos longos e negros davam um toque final ao visual. E na mão esquerda havia uma espécie de cetro, que o mesmo apontava para cada veículo que passava.
    — Mais um dia normal em Pitombinas. — comentou Klaus, com escárnio. — só faltou uma camisa amarela, mas a vibe é a mesma...
    — É questão de tempo até ele ser atropelado...— Marg não conseguiu tirar os olhos do indivíduo. De fato, um sujeito um tanto...peculiar. Seria um louco fugido do hospício? Tudo indicava que sim.Um hippie. Ou um artista de rua, talvez.
                             000
     — Moço, você está atrapalhando o trânsito! — berrou um homem careca com roupas sociais, mantendo distância segura do rapaz, mas perto o suficiente para que ele pudesse ouvi-lo. — Eu...eu preciso trabalhar! Por tudo que é mais sagrado, vá para casa!
    O estranho de cabelos longos, que já era alto como um poste, ergueu ainda mais os ombros. Seu olhar de superioridade era desconfortável para todos os presentes. Haviam muitas pessoas arrogantes em Pitombinas. Mas nele, tal sentimento se apresentava de forma diferente. Era como se...se ele fosse realmente alguém importante. Diferente de todos os novos ricos da cidade.
    — Ikua muhai? — o rapaz cruzou os braços, abrindo um sorriso zombeteiro. — Oh, keta luhu nuto.
   — Eu não falo seu idioma! — soletrou o careca. — I don't speak your language! No hablo tu língua!
   O grandão revirou os olhos. Então, erguendo o cetro no ar, começou a pronunciar algumas palavras estranhas. O careca afastou-se rapidamente. Sentia-se estranho. Muito estranho. Não sabia dizer ao certo o que estava acontecendo. Mas, quando ele caiu duro no meio da avenida, e não mexeu mais nenhum músculo sequer, todos souberam que o rapaz de saiote não era uma pessoa comum. Um policial aproximou-se com arma em mãos. Ao vê-lo, o cabeludo abriu um sorriso.
   — Perdoe-me pelo transtorno. Não estou acostumado com carruagens de ferro.
   — Mãos para o alto!
   O estranho obedeceu.
    — Você usou magia da sua tribo para matar esse sujeito? — inquiriu o policial, pela primeira vez em toda sua vida sentindo-se intimidado em uma abordagem.
     — Magia da minha tribo? — sorriu. Aos poucos mais e mais curiosos se aproximavam. — o cetro...ele canaliza poderes ancestrais herdados pelos homens das estrelas.
    O policial ergueu uma sobrancelha. Como? Cetro? Homens das estrelas? Claramente aquele rapaz estava perturbado. Por alguma substância ilícita. Ou só era louco mesmo.
    — Eu vi você matando aquele homem. Conheço feiticeiros que se aproveitam de tal conhecimento para espalhar o mal por aí. Qual seu nome?
    — Oh. Ele morreu? — o estranho olhou para o careca caído no chão. Seco, como uma árvore sem vida. — Não foi intencional. Usei o poder do cetro para absorver conhecimento do idioma local, e para isso precisei drená-lo. A energia vital humana é um bom elixir. Oh, agradeça-o, ou então eu não estaria conseguindo me comunicar com você agora. Aliás, sou Rei Coayli. Soberano das terras de Tashalla!
    O policial não disse mais nada. Pegou o celular e começou a discar o número do hospício. Enquanto explicava toda a situação para a pessoa do outro lado da linha, Coayli o observava com um semblante muito sério.
     — Venha comigo, rapaz...vou deixá-lo em segurança.
     — Como ousa? — foi a única coisa que escapou dos lábios do suposto Rei. O policial não entendeu nada.
     — Venha comigo. Você...er...majestade, está um pouco confuso.— disse o homem estendendo a mão para ele, mas Coayli pareceu ainda mais ofendido.
     — Como ousa tratar como louco o soberano das terras de Tashalla?
     Havia um congestionamento enorme. O ônibus ainda estava parado, e de lá de dentro os alunos gritavam coisas para o sujeito que se identificava como o histórico Rei das terras Tashalunis.
    — Se eu perder a prova de matemática, vou atrás desse índio até no inferno! — reclamou Klaus Hayashi, e Marg, que ainda estava perto dele observando a discussão na avenida, lembrou-se de sua primeira aula; história. O professor de história não era do tipo compreensivo. Logo ela levaria falta na primeira aula. Independente das justificativas.
   A discussão entre o estranho de saias compridas e o policial estava tomando proporções perigosas. Coayli, não sentia-se intimidado pela arma da autoridade. Ao invés disso ele se considerava a autoridade ali, e que portanto o policial deveria obedecê-lo.
   — Curve-se perante de mim, escravo!
    "Insolente! Agradeça aos seus parafusos em falta, caso contrário já estaria preso por desacato!", pensou o policial, cheio de ódio.
    Coayli viu quando uma carruagem branca parou do outro lado da rua, e dela desceram escravos vestidos de branco, que estranhamente corriam em sua direção. Um deles, inclusive, trazia um tipo de armadura também branca em mãos.
     — Ótimo, finalmente a criadagem! — comentou a múmia, mas não entendeu nada quando um dos homens segurou-lhe os braços para trás, enquanto uma mulher ruiva e rechonchuda tentava enfiar a estranha armadura branca nele.
    — Não nos disse que ele era tão alto! — reclamou o enfermeiro de pele escura, quase morrendo para segurar Coayli, que se debatia.
    O policial deu de ombros.
    — Tenho um taser aqui. Posso usá-lo se necessário.
    — Não precisa. — falou a ruiva. — só precisamos contatar algum parente. Esse rapaz provavelmente tem família e não podemos interná-lo sem autorização.
    — Tirem as mãos de mim, porcos! Como ousam tocar o soberano de Tashalla?!
     Ninguém conseguiu segurá-lo por muito tempo. Depois de muito lutar, derrubar todos os enfermeiros e quase arrebentar a cabeça do policial com o cetro mágico, Coayli saiu correndo pelo meio da avenida movimentada, desaparecendo entre os becos sujos sem deixar nenhum rastro.
      Margarida e os demais alunos voltaram para seus assentos, enquanto o ônibus arrancava rumo ao colégio. Sem dúvidas, aquela prometia ser uma manhã louca.

Bình Luận Sách (2581)

  • avatar
    FernandesMaria Laiane

    incrível

    2h

      0
  • avatar
    SoaresCalos Eduardo

    muito bom

    21h

      0
  • avatar
    Davimiguel Duarte Souza

    muito bom gostei muito

    1d

      0
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