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Eu me sentia ridículo. Não por ter me arrumado durante duas horas para a garota que nem sequer sabia da minha existência, não por isso. Mas porque estava correndo atrás de uma coisa que haviam roubado de minha própria irmã pouco tempo antes. Estávamos descendo as escadas do meu quarto para o pátio quando a sensação me atingiu, e eu senti a maior culpa do mundo. Olhei para o lado, para Toni sorrindo ao meu lado, empolgado com a ideia de me ajudar a encontrar uma garota desconhecida. E pensei em Margarett, provavelmente encolhida em uma cama, triste e desolada pela oportunidade que eu havia tirado dela.
— Olha! Tem uma mesa de salgados!
Em todas as festas que íamos, Toni sempre reclamava da mesma coisa: a falta de comida. Como festas de adolescentes eram cheias de álcool e música, meu amigo ficava revirando as geladeiras em busca de algo. Por isso sua alegria ao ver uma mesa enorme, repleta de salgados e sucos. Claro que uma casa de reabilitação não teria uma gota de álcool sequer.
Andamos por entre grupos de pessoas, em sua maioria garotas que estavam ali por alguma besteira de alcoolismo ou algo assim. Identifiquei algumas pessoas com tubos de oxigênio, outras com máscaras cobrindo nariz e boca, e me dei conta de que minha situação não era tão terrível. Quando o relógio bateu as oito em ponto, uma mulher loira subiu no palco para começar a programação. Todos ficaram em silêncio.
— Eu gostaria de dar as boas vindas aos novos integrantes da casa. — Quem diabos chamava aquele prédio enorme de casa? — E dizer que em nossas festas não há álcool ou nada prejudicial à saúde. — Sério? Nem tinha percebido. — O karaokê começa daqui vinte minutos. Se divirtam e... boa festa!
Uma música ambiente começou conforme a mulher se retirava do palco. As pessoas começaram a se mexer, conversas começaram a soar, e assim ficou mais difícil de achar Kayori. Eu não podia esperar no entanto, deixar meu amigo de lado. Então o puxei para perto da mesa de comidas, cujas coxinhas ele encarava com avidez. Mal chegamos perto da mesa quando três garotas nos interceptaram, com roupas combinando é muita maquiagem no rosto. As das pontas pareciam cópias mais altas da do meio, não pela semelhança física, mas pela forma como estavam arrumadas. A do meio sorriu como um felino, então fixou seus olhos em Antoni. Meu amigo ainda encarava as coxinhas.
— Olá. São acompanhantes ou pacientes?
Percebi que nenhuma delas tinha nada errado, no exterior. Mas a julgar pela aparência das três, elas provavelmente estavam aqui por beber demais ou cedo demais. Elas não aparentavam ter mais que dezesseis anos. Pensei em como fugir da conversa sem ser mal educado.
— Eu sou paciente, Antoni é acompanhante.
Todas as três cravaram seus olhares em Antoni, olhando de cima para baixo quase em sincronia perfeita. Meu estômago se revirou. Estávamos sendo atacado por adolescentes? Elas sorriram.
— Ora ora, agora sabemos seu nome. E o seu?
Era só a do meio que falava. Como se as outras estivessem mudas por algum feitiço de dominância que a do meio havia lançado sobre elas.
— Matheus.
Não perguntei o nome dela. Porque não queria saber. Mas ela não se importou com esse detalhe.
— Que lindo nome. O meu é Sabrina. Essas são Júlia e Carla.
Ela não se preocupou em indicar qual era qual, mas eu também não me importei. Comecei a murmurar um "foi um prazer" enquanto Antoni me arrastava dali, o desespero pelas coxinhas falando mais alto. Mas as garotas eram rápidas, e assim que alcançamos a mesa de comidas, elas estavam ao nosso lado. Droga.
— Eu sou maior de idade sabia?
Sabrina se colocou ao meu lado, muito perto de mim, piscando seus cílios de mentira. A sorte era que eu tinha pelo menos vinte centímetros a mais que ela, então seu queixo se aproximava do meu peito, e não do meu rosto. Obrigada pai pela altura a mais na genética.
— Não acredito nisso nem por um segundo. — Antoni murmurou atrás de mim, mordiscando sua terceira coxinha.
A garota se eriçou, como um animal erguendo os espinhos para atacar, mas quando percebeu a própria reação, a diminuiu com um suspiro. Meus olhos começaram a buscar desesperadamente por Kayori, mas qualquer habilidade que eu tivesse para encontrar minha irmã no meio da multidão, se extinguiu ali.
— Carla quer ficar com seu amigo.
A garota decretou sem nem mesmo ouvir a tal amiga Carla, fazendo com que Antoni se engasgasse no meio da mastigação da quinta coxinha. Sim, ele comia mais quando estava nervoso. Uma das garotas — possivelmente a tal Carla— Puxou o cabelo castanho para trás da orelha, e começou a se aproximar de Toni. Meu amigo me encarou com os olhos cinza arregalados, a boca cheia de comida, e um nó preso na garganta. Se aquela situação não me irritasse muito, eu provavelmente teria rido. A garota era alta. Céus, a tal Carla era muito alta, quase do meu tamanho. Se ela se colocasse na ponta dos pés então...
— Eu tenho namorada!
Antoni quase gritou, assim que conseguiu engolir. Mas a garota não pareceu se incomodar. Ela lançou um olhar para Sabrina, que encolheu os ombros de leve.
— Não vejo ela aqui. Vamos, não seja bobo. Carla quer você, e eu quero ele.
Ela apontou um dedo com uma unha rosa em minha direção. Comecei a ficar nervoso. Não queria ser um estúpido, mas minha vontade era sair correndo dali. As garotas simplesmente ignoraram o fato de Antoni ter namorada? Que diabos? Respirei fundo pra me acalmar, tentando me lembrar de que elas eram só crianças, e precisavam manter o mínimo de dignidade com a refeição. Tentei lançar um olhar de preocupação na direção de Antoni, mas... ele começou a rir. A risada saiu grave e calma, como um torturador frio que ele nunca poderia ser. Seus olhos se escureceram, a boca se contorceu em um sorriso maldoso.
— Vocês acham mesmo, que garotos como nós ficariam com menininhas como vocês? — Sabrina abriu a boca pintada de batom para cortar, mas ele continuou.— Vocês não passam de um projeto em andamento. Precisamos de mulheres de verdade. Quer ver uma mulher de verdade?
Então ele retirou o celular do bolso, ligando a tela para as garotas. E ali, como plano de fundo da tela do celular de Antoni, estava Margarett. E se eu fosse uma garota, teria realmente me sentido muito diminuída. Não havia como competir. Minha irmã estava congelada na imagem, os longos cabelos castanhos balançando ao vento, os olhos azuis piscina quase fechados pelo sorriso escancarado que exibia seus dentes, perfeitamente brancos e alinhados. Não havia nenhum resquício de maquiagem ali, ela usava uma camiseta preta, possivelmente do próprio Antoni. A foto era absurdamente simples, mas incrivelmente linda. Ela era linda. As garotas pareceram notar a semelhança entre nós, quando olharam da foto para mim algumas vezes. Mas aparentemente desistiram, e se retiraram. Estávamos então, eu e Toni, de frente para o lugar mais abençoado do lugar: a mesa de salgados.

Komento sa Aklat (2154)

  • avatar
    MesiasManoel

    otimo

    2d

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  • avatar
    Marcella Rocha

    top

    3d

      0
  • avatar
    ResenoKaue

    muito bom

    7d

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