Passou-se o tempo, já era umas seis horas da tarde, o sol já estava se escondendo quando ele acordou, Rafael abriu os olhos e observou que estava abraçado em Estelar e fazendo carinho nos cabelos dela voluntariamente. Ele ficou surpreso por ela estar em sua cama, e nem ter acordado com a presença dela ali, sendo que sempre teve o sono leve e ela estava aconchegada em seu peito, ele saiu cuidadosamente da cama e foi para o banheiro, demorou em torno de uma hora tomando banho, Rafael demorou, pois, tentava lutar contra sim mesmo, tentava parar de pensar em Estelar, ali deitada ao lado dele quando acordou.
Enquanto tomava banho, ele ficou imaginando o porquê não se assustou com a presença dela, para ele a sensação era de que já a conhecesse há muito tempo, mesmo não sendo, o que de real fato estava acontecendo? Faz horas em que estava solteiro novamente, ele não conseguia dividir a mesma cama com a ex-namorada, sempre voltava para casa e não a deixava ficar em sua casa pois se sentia desconfortável e ter uma mulher em sua casa, que não fosse sua irmã Diana.
Ele se enrolou na toalha e viu que havia esquecido de separar a roupa para vestir após o banho, Rafael foi para o quarto e se sentou na cama e começou a enxugar os cabelos, Estelar acorda e o vê enxugando os cabelos, ela levanta e ele sente a mão dela retirando a toalha de suas mãos, ela continua enxugando o cabelo dele.
— Não precisa fazer isto.
— Eu sei que não preciso.
— Dormiu mal?
— Hum, eu..., um pouco.
— Por isso resolveu dormir aqui...
— Como?
— Junto comigo?
— E....
— Então?
— Eu não queria ficar sozinha.
— Sim...
— Te procurei pela parte de baixo da casa, como não te encontrei resolvi te procurar pelos quartos. – Fala enquanto continua enxugando os cabelos dele
— Desculpe eu não fui te ver como disse.
— Gosto do seu cheiro, é gostoso...
— Como?
— Desculpe por isso. – Fala sem graça, ele pega a mão dela e a puxa para o seu colo a fazendo se sentar.
— Não tem medo de mim?
— Já disse que não.
— Não tem mesmo medo de que eu te faça mal?
— Sei que não me fará mal.
Ela olha para a toalha e volta a enxugar o cabelo dele, ele a abraça e começa a chorar, ele sentia que ela tinha tanta confiança nele que poderia ser fraco na presença dela, ele precisava de alguém para desabafar e mesmo não conhecendo bem Estelar, ele sabia que ela poderia ser a pessoa que poderia escuta-lo sem julga-lo.
— Só fica assim por um minuto por favor.
— Está bem?
— Vou ficar bem.
Ela fica por algum tempo o abraçando, depois de um tempo ela sai dos braços dele e se levanta, ele segura a mão dela e ela sorri para ele.
— Não vou para lugar algum.... Só irei se você me pedir, ou terminar o que tenho que fazer aqui.
Ele olha para os olhos dela fixamente, a puxa para seu colo novamente e a beija de forma delicada.
— Não quero que vá embora, não quero que me deixe sozinho.
— Porque, tem medo?
— Não é isso, até ontem à noite eu era o corno, um otário que fez de tudo para tentar um sentimento antigo, e que no final foi descartado como algo sem valor, aos olhos de outra pessoa..., no final para manter o mínimo de amor próprio, acabei aquele relacionamento que tanto lutei para manter.
— Não posso dizer que não compreendo este sentimento..., não vou te deixar sozinho.
Ela secou as lagrimas dele e começou a acariciar seus cabelos, com as pontas dos dedos, ela sentia os cabelos úmidos de Rafael, mas do nada ela começa a sentir uma forte dor em sua mão, e geme de dor, fazendo Rafael se preocupar com ela.
— O que houve, Estelar?
— Eu não sei...
Ela se vira e abre a mão para poder ver a luva de pedras de energia cósmica, ela não queria que Rafael as visse.
— Elas estão ficando amarelas, quando perderem a cores vou ficar fraca!
— Espera, então é realmente verdade tudo aquilo?
— Disse que te explicaria tudo, mas tem que ser aos poucos.
— Então isso na sua mão, como ele apareceu do nada?
— Estas pedras estão encaixadas nesta luva, bem elas não são simples pedras coloridas, elas se chamam Pedras de energia cósmica, o dever delas é mostrar o quanto de energia tem em meu corpo, e quando eu preciso de energia elas mudam de cor até ficar amarelo, então quer dizer que a pedra está ficando sem energia, elas ficando assim é perigoso para mim, pois se a pedra ficar sem energia ela começa a sugar a energia de quem usa a luva, neste caso eu, então eu preciso recarregar as pedras, mas não tenho parceiro galáctico para enche-las, o que farei?
— Porque precisa de um parceiro para isso, como fazem isso?
— Bem como posso te explicar isso?
— Só ser direta.
— Bem preciso de parceiro pois elas são enchidas por boas vibrações ou sensações, que o parceiro dá ao dono da luva.
— Não entendi como isso é feito?
— Os carinhos entre casais galácticos é o que enche de forma mais rápida as pedras de energia galáctica, a questão é que não tenho parceiro a muito tempo, tenho outra luva com pedras cheias, mas ficaram na confederação galáctica e não posso voltar, não agora se não Alcaka me considera traidora da missão, e sou condenada à morte por trair a confederação galáctica.
— Não teria como alguém trazer a luva para você?
— Não, eu era a última da confederação a ter rastros de DNA humano, sem ter um pouco do DNA do planeta a ser pesquisado o ser morre sem ter a proteção adequada, e quanto mais perto do sol, mais energia da luva se usa, pelo o que percebo estou com grande problema agora.
— Quanto tempo elas duram, quando estão carregadas?
— Quando cheias elas podem durar até 500 anos terrestres sem precisar de um parceiro, mas eu fiquei uns 700 anos terrestres, usando as mesmas pedras, e como o sol absorve o poder delas, acabei ficando mais fraca.
— Quanto tempo elas ainda podem durar aqui na terra?
— Quando estão cheias deveriam durar 10 anos, mas não poderia ter muito contato com o sol, e teria que encontrar um parceiro com a mesma energia, quer dizer que flua naturalmente, ter esta afinidade não é fácil.
— É tão difícil assim?
— Sim é..., quando minhas pedras deram o primeiro aviso que estavam chegando na metade de seu uso, eu procurei meu parceiro, mas o peguei traindo nossas vibrações, então depois disto eu não tentei me conectar a mais ninguém.
— Como você o escolheu, como sabia que ele era a “pessoa” certa?
— Quando somos crianças somos passados em um ritual, as crianças que juntas passam por um desafio, são consideradas destinadas, então sempre ficam juntas para que as vibrações cresçam em conjunto, depois da traição dele, acabei ficando sozinha e não conhecia os outros garotos da confederação.
— Porque disso?
— Bem, dentro da confederação existe trabalhos por especialidades, minha especialidade sempre foi voltada a pesquisas de planetas externos, assim ficando confinada no meu setor, na qual só tinha mulheres assim posso dizer.
— E se quiser mudar de trabalho?
— Não podemos mudar o que Alcaka determina, então temos opções na hora de encher nossas pedras de energia, mas não em relação ao trabalho que ela nos destina.
— Qual opções?
— Ser uma doadora de vibrações, assim as pedras ficam cheias por ser reciproco, fazer isso faz com que as mulheres do meu planeta morram sozinhas, morrer por falta de energia das pedras de cósmicas, ou encontrar um marido com a mesma vibração.
— Você tinha esta pessoa, que te ajudava com as vibrações, então era casada?
— Não, ser destinado a outra pessoa é como dizem aqui na terra...., casamento por união sanguínea, ele tinha traços de DNA humano, isso era o suficiente para dar herdeiros a família dele, meu ex noivo assim como ele seria chamado aqui, ele era somente isso, pois mesmo aceitando as recargas de energia, nunca aceitei os pedidos de casamento dele.
— Como ele era com você?
— Não me faça lembrar disso, ele fez com que eu fosse rejeitada por minha família, me mandaram para esta missão para ficar longe deles e da confederação galáctica, pois todos que vem para cá, nunca voltam, se eu morrer aqui faço um favor para eles.
— Perder uma união assim é tão ruim para você?
— Faz 4 anos terrestres que eu estou solteira, e não tem um dia que não seja lembrada quão ridícula eu sou, o lado bom é que se eu morrer aqui, estarei morrendo em missão.
— Quer morrer?
— Não..., mas ficando aqui eu não terei que velo novamente, porque se voltar terei que velo, pois, ele é meu superior nesta missão.