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Capítulo 5

Quando abri novamente meus olhos, já era madrugada, devo ter pego no sono. Olho para meu celular e são 3 da manhã, observo junto ao horário milhares de mensagens.
Zack: Freya, você tá bem?
Por favor, me responde, preciso saber como está.
Freya, não some assim.
Precisa de mim.
Precisa da minha ajuda.
Quem era ele para dizer que eu precisava dele?
Levantei da cama pensando em dar uma checada no ferimento, mas o estranho é que eu não sentia mais dor. O curativo estava encharcado de sangue, mas ao levanta-lo não havia nada lá. O ferimento sumira.
Comecei a ficar pálida, comecei a me assustar. O ferimento estava ali, horas antes eu tinha feito um curativo, horas antes eu estava limpando o sangue que escorria, o que foi que aconteceu? Eu não consigo entender.
Corri até meu celular e o peguei, enviando imediatamente uma mensagem para ele, de repente ouço um barulho em minha janela, ao olhar, vejo ele, em cima do meu telhado.
Me aproximo e abro sussurrando:
— Você tá louco? Como subiu aí?
— Posso entrar?
— Olha, não é uma boa ideia, está tarde demais.
Sem minha permissão ele tira o curativo de meu pescoço.
— Está vendo isso? Eu disse que você precisava da minha ajuda.
— Eu não preciso de você, eu estou bem, você pode...
— Ah, você está bem? Me explica desde quando um machucado some depois de horas? — Abro minha boca prestes a dizer algo, mas não consigo. — Eu posso entrar, Freya? Precisamos conversar.
Abro espaço para que ele entre, então com muita facilidade ele passa pela janela, fazendo esforço para não fazer barulho algum, afinal de contas, minha mãe poderia ouvir.
— O que você tem a dizer? Quero que seja rápido.
— Freya... eu tenho uma coisa que você precisa saber.
— Vá em frente.
— Eu sou um lobisomem.
Tampo minha boca para que a risada não saia tão alta.
— Tá delirando? O que foi, Zack? Veio parar na minha casa por sonambulismo?
Ele permanece sério e com os olhos fixos em mim, então paro com a piada.
— Te mordi, Freya, te mordi por impulso, porque estava sendo tão bom para mim que não consegui me conter. Foi um acidente. Eu sou um lobisomem, um alfa, e se essa ferida se curou tão rápido assim, você se tornará uma.
— Você tá ficando louco. Eu...
— Freya, me escuta! — Ele fala com uma seriedade que não curto muito — Você precisa de mim, está me ouvindo? Logo os sinais começarão a aparecer, você precisa que alguém esteja ao seu lado, precisa de alguém que entenda e te ajude, eu sou essa pessoa.
— Olha, Zack. Eu quero que você saia da minha casa, agora.
— Freya, você precisa se cuidar e precisa de mim. Não sabe o que está prestes a acontecer e pode acabar machucando a si mesma, pode machucar alguém que ama... — Ele respira fundo e me olha com um olhar preocupado. — Deixa eu te ajudar?
Encaro ele por um tempo, então balanço a cabeça para afastar os pensamentos e repito:
— Saí, agora.
Ele se levanta de minha cama e sai, mas antes se vira na janela e diz:
— Vai precisar de mim e quando notar isso, me procure. Se não me procurar, saiba que estarei de olho em você, estarei com você quando precisar de mim. Não pode passar por isso sozinha, vai por mim.
Ele sai sem dizer mais nada, então pula com facilidade do telhado até o chão.
Se isso não era pesadelo, era algo parecido, existia muita coisa que eu ainda precisava assimilar: ele me mordeu, acordei e a ferida sumira, ele veio até minha janela, disse que é um lobisomem — um alfa — e agora diz que vou me tornar uma. Estou levemente assustada, porque realmente não há de se explicar uma ferida sarar de uma hora para a outra. Me sento na cama e então começo a pensar em tudo, penso que talvez ele não esteja alucinando, talvez ele seja mesmo um lobisomem.

Tentei dormir, mas foi impossível, a conversa, tudo o que havia acontecido durante uma noite só, foi demais para compreender, para conseguir engolir tudo de boa. Lobisomens existem?
Vou ao banheiro lavar o rosto e sinto umas dores nos dentes, exatamente nos dentes caninos, dou uma checada neles e está tudo normal, então ignoro. Desço para ver se minha mãe já acordou, para dizer que estou bem — embora eu não esteja —, apenas para dar um alô antes de ficar trancada no quarto por um dia inteiro, pois é isso que desejo fazer.
Ao descer as escadas vejo ela sentada no sofá com um copo de café na mão.
— Bom dia, Freya.
— Bom dia, mãe. — Percebo que ela está arrumada e quando caio na real, lembro que estou atrasada para mais um dia de aula. Passei por tanta coisa em uma noite só que me esqueci completamente de tudo.
— Não vai a escola hoje? Você está bem?
— Só estou um pouco cansada, acho que foi um erro ter saído noite passada.
— Aconteceu alguma coisa?
Antes que eu consiga responder, começo a me sentir zonza.
— Não... tá tudo bem, mãe, eu... só preciso ficar em casa hoje. Tenha um bom trabalho!
Tento me aproximar dela com cuidado, para que ela não perceba o quanto estou me sentindo mal, então dou um beijo na testa dela e subo para meu quarto novamente. Vou até o banheiro e mal consigo ver a mim mesma, tudo começou a girar.
Meus dentes voltaram a doer, por de baixo das minhas unhas também doía, tudo doía. Eu estava suando, suando frio. Assim que abri a boca para observar meus dentes, eu estava com dentes caninos longos e afiados, dei um passo cambaleante para trás. — O que era isso que eu acabara de ver? — Dei uma olhada em minhas unhas, pois nesta parte também doía e eu tinha garras. Assim que voltei meu olhar para o espelho, meus olhos se encontravam numa cor amarelo forte.
Ouvi um barulho no meu quarto e então Zack apareceu ao meu lado.
— Está acontecendo.
— O que você fez comigo?
Antes que ele pudesse me responder, tentei acertá-lo com minha mão, mas ele a segurou com força, ele era muito mais rápido que eu.
— Está em transição, está se transformando em uma loba.
— Eu não pedi isso, por que você fez isso? — A raiva começou a fervilhar dentro de mim e eu só queria empurrá-lo, tirá-lo de perto de mim. Eu não queria mais vê-lo na minha frente.
Tentei medir força com ele e cada vez que ele me impedia, mais raiva eu sentia, então comecei a me debater e ele me segurou contra seu corpo.
— Se acalma, você precisa se acalmar.
— Eu não consigo. ME SOLTA!
Ele me virou de frente para ele e me segurou com firmeza, com uma firmeza que eu não conseguia me soltar. Ele olhou para mim com a expressão séria que eu não gostava.
— Você acabou com a minha vida, eu sou um monstro. — Agora escorriam lágrimas de meus olhos e de séria, a expressão dele passou a ser de preocupação.
— Me perdoa, Freya... foi um acidente, não quis fazer isso com você.
— Como isso aconteceu, Zack? Eu não entendo. Como lobisomens existem? Além de você, quem mais é? Quantos estão soltos por aí podendo machucar pessoas?
Ele suspira e solta meus braços, confiando que não tentarei mais atacá-lo. Ele fez menção de que eu sentasse na cama, para ouvir o que ele tinha a dizer.
— Existem alcateias, não sou o único lobisomem por aqui. Eu não podia ter me relacionado, não podia ter me apaixonado, eu já sou lobisomem a um tempo, mas me tornei alfa a pouco, então tudo se intensificou. Não consegui controlar e te machuquei, mas não por maldade, te machuquei porque quando não temos controle, tudo fica mais difícil.
— Sua irmã sabe disso? Ou melhor, você tem mesmo uma irmã?
— Meus pais já se foram, meu pai era um alfa e antes de morrer, ele permitiu que eu o matasse por completo, para que assim eu pudesse me tornar o alfa. Minha irmã existe e é uma loba, assim como você está se tornando. Contei a ela a burrada que eu fiz e ela queria vir te conhecer, mas disse a ela que você não estava pronta para isso.
— O que mais vai acontecer comigo?
— Quando vier a lua cheia, vai precisar de ajuda. Você irá ficar com mais raiva, irá se transformar de verdade, precisaremos te prender em correntes para que não cometa algum erro.
— Vocês não precisam disso?
— Não. Nós já somos treinados e temos controle durante a lua cheia, mas você é nova com isso, as únicas coisas que viu, foram seus olhos se acendendo, suas garras e seus caninos.
— Tenho que me preparar para mais alguma coisa?
Ele passa a mão pelo rosto, ele parece muito preocupado.
— Você vai sentir cheiros mais nítidos, seu faro irá mudar. Ouvirá coisas que não quer ouvir. Tudo irá se ampliar e se você não permitir que eu te ajude, não vai conseguir lidar com tudo isso.
Me encolho na cama e abaixo minha cabeça, sinto uma vontade imensa de chorar, quero bater nele, culpá-lo por ter feito isso comigo, mas se ele estiver sendo sincero, fez tudo isso porque queria ser próximo de mim, porque estava apaixonado.
— Não quero machucar minha mãe. — Lágrimas escorrem e começo a soluçar.
— Não vai, Freya. Mas precisa aceitar que eu ajude você, assim poderá viver melhor perto dela, sem que ela precise saber desse segredo. Ou se um dia estiver pronta para contar a ela, mas por enquanto você só precisa aprender algumas coisas.
Ele estende as mãos e enxuga minhas lágrimas. Estou um pouco mais calma, porém ainda assustada, estou perdida, eu sou uma loba agora ou pelo menos ainda estou me transformando em uma.
Ele chega para perto de mim e me dá um beijo, um beijo para tentar me tranquilizar, um beijo para dizer que ele não vai sair de perto de mim, por mais que eu peça.
— Deveria descansar um pouco, sua cara é de uma pessoa que não fechou os olhos a noite inteira. Volto mais tarde com uma solução para esse problema, tá bom? Só confia em mim.
Apenas concordo com a cabeça, então ele me ajuda a deitar na cama e me cobre. Ele fecha as janelas e as cortinas para que o quarto fique mais escuro.
— A minha mãe está lá, você não pode sair pela porta.
Ele balança a cabeça.
— Lembra que eu disse da nossa audição? Ela já saiu de casa faz uns 10 minutos, eu ouvi ela sair.
Ele se aproxima e me dá um beijo na testa.
— Se sentir alguma coisa, me manda mensagem ou só grita pela janela que eu venho correndo. Prometo que vou arrumar uma solução pra isso tudo.
Antes de cair no sono, apenas digo:
— Confio em você.
E então, tudo fica escuro.

Book Comment (4772)

  • avatar
    jennifer Fernanda

    Muito bom!

    1d

      0
  • avatar
    VictoriaMayra

    ...

    2d

      0
  • avatar
    SoaresVinicio

    Boa dms

    3d

      0
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