Eles? Quem são eles?
Com a ajuda de Lina levantamos o meu irmão e o deitamos na cama, quase caímos no processo já que ele pesava. Eu queria chorar, estava assustada e praticamente fazia tudo no automático porque não era hora para surtar, primeiro tenho que ajudar ele.
— Lina, pega uma maleta branca que está no meu banheiro, lá têm um quite de primeiros socorros— disse a ela que saiu do quarto.
A camisa de Matteo estava toda ensanguentada, me fazendo entrar em desespero não seria melhor levar ele logo para o hospital? Acho que alguém o cortou. Levantei a camisa para ver como estava o corte mas Matteo me impediu ao segurar a minha mão, ele havia acordado e eu nem tinha percebido.
— O que você vai fazer? Me perguntou fazendo uma careta de dor em seguida
— Acho que é meio óbvio, não acha? Eu tenho que ver se o seu machucado é muito grave, temos que levar você para o hospital Matteo.
— Não precisa fazer isso, eu sei me cuidar sozinho. E não foi nada demais, vai por mim quem fez isso comigo ficou bem pior.
Ele só podia esta ficando louco, como ele pode estar bem, ele tem um corte na barriga e está gemendo de dor.
— Está louco!? Você está machucado e acha mesmo que eu vou deixar você cuidar disso sozinho Matteo?
Ele revirou os olhos.
— Aqui — disse Lina entrando no quarto, levantei a camisa dele e fiquei assustada. Parecia uma mordida, uma tremenda mordida!
— Meu Deus! Lina disse assustada.
— O que fez isso, Matteo? Você foi atacado pôr o que? Perguntei o olhando
— Sim, eu fui atacado e foi um lobo, eu acho — respondeu rápido.
— Onde foi isso? Eu nem sabia que tinha lobo por aqui! — Lina falou exasperada
— Eu também achava isso, mas viu que não — Matteo falou
— Lina chama um táxi, temos que levar ele pro hospital agora! Eu falei e ela assentiu rapidamente com a cabeça pegando o celular. — Vêm Matteo vou te ajudar.
— Eu não vou a lugar nenhum Aurora, detesto hospitais. Falou convicto me fazendo perder a paciência.
— Foda-se se você não gosta Matteo isso é uma coisa grave, você levou uma puta mordida de um lobo não é qualquer coisa!
Ele negou com a cabeça e puxou uma gaze da minha mão.
— Eu cuido disso sozinho, não precisa se preocupar.
Lina me olhou confusa ainda com o celular no ouvido. Matteo e extremamente teimoso em momentos que não deve ser. Tirei a gaze da sua mão
— Se isso infeccionar é você morrer a culpa é totalmente sua seu idiota.
Eu comecei a tratar do ferimento e em seguida fiz um curativo, isso foi o básico que eu tinha aprendido no colégio quando teve um curso de primeiros socorros e sobre fazer curativos, mas com certeza ele iria precisar ir ao hospital depois. Quando os nossos pais chegarem eu vou contar tudo e eles o levaram, tive que agi agora porque não podia deixar a ferida aberta assim.
— Mas onde foi que aconteceu? Eu sei que aqui onde moramos é cheio de matas. Lina perguntou
— Eu e os meus amigos, fomos para aquela cachoeira que fica perto da grande árvore, você se lembra de lá, né Aurora? A gente ia quando era pequeno.
— Eu me lembro. E também lembro que lá a anos não é permitido a entrada de pessoas.
— Que besteira Aurora, todo mundo vai para lá. — O celular dele começou a tocar e ele atendeu, e em seguida fechou a cara.
— Tá, pode vir cara. Tchau!
— Meu amigo vem para cá.
— Ele estava lá quando o lobo te atacou? Eu perguntei e Matteo negou com a cabeça.
— Ele mora em outra cidade, chegou ontem e vai passar uma semana na casa do tio.
— Tá! Mas vê se descansa Matteo, você não é de ferro.
Ele sorriu e me deu um beijo na testa e bagunçou o meu cabelo me fazendo resmungar.
— Eu vou, maninha.
— Se cuida Matteo, não haja imprudente. Lina falou e Matteo sorriu para ela.
— Pode deixar.
Sai do quarto dele com a Lina bem atrás de mim, e voltamos para o meu quarto.
— Eu nunca mais nem passo perto daquela floresta — minha amiga disse e se jogou na minha cama.
— Digo o mesmo.
Me deitei também ao seu lado, minha mente não parava um instante pensando o quanto esse lugar estava ficando perigoso, eu fiquei sabendo que ontem duas meninas sumiram na mata e hoje um lobo atacou o meu irmão. Será que foi esse lobo a causa do sumiço delas? Espero que eu esteja enganada.
— Ei, como vai o seu trabalho com o crush?
— Nem começamos ainda, ele vem amanhã. — Sorri.
— Vai passar uma tarde inteira com ele, sortuda. Ela jogou um travesseiro em mim que ri e joguei outro de volta.
— E você e o tal do Luca?
— Estamos nos conhecendo, e eu estou amando. Ele é fofo, inteligente, legal, lindo, gostos...
— E sou eu a idiota apaixonada, né!? Sei...
Lina sorriu e estendeu as mãos em forma de redenção como se dissesse "okay você venceu" o seu celular tocou com uma mensagem da sua mãe
— Eu tenho que ir, minha mãe chegou e disse que hoje vamos jantar na casa de uma amiga dela.
— Tá certo.
Lina se levantou e eu continuei deitada
— Levanta preguiça! Nem vai me levar até a porta.
— Você sabe onde fica, e eu estou aqui tão confortável. Falei fechando os olhos mas os abri para ver ela me olhar com os braços cruzados e negar com a cabeça.
— Você não tem jeito, até amanhã.
Eu ri e lhe mandei um beijo.
— Tchau, mi amor.
Depois que ela foi embora fiquei um bom tempo deitada para o teto de gesso, perdida em pensamentos, como sempre faço, até que sinto o sono vir e acabo adormecendo.
                                    ♤
Acordei escutando vozes um pouco altas e até risadas, e me levantei da cama. Meus pais já tinham voltado e trouxeram visita?
Abri a porta e olhei pelo corredor mas as vozes vinham do quarto de Matteo, mesmo estando doente precisa ligar a televisão tão alto assim? Vou pedir para que abaixe um pouco eu quero voltar a dormir. Abri a porta de uma vez e dois garotos me olharam.
Não acredito que esqueci que o meu irmão disse que iria vir um amigo dele.
— O que foi, Aurora?
— Nada não, e... Eu escutei vozes, e...
Um garoto me olhava e depois sorriu. Eu já vi ele antes, certeza.
— Aurora, esses são os meus amigos, Pietro. — Apontou para um garoto de cabelos vermelhos e que tinha um sorriso muito bonito. — E o Renato
Isso Renato! O garoto do time adversário, eu sabia que tinha visto ele antes.
— Eu já conheço ela — Renato disse ainda sorrindo.
— Sério? Dá onde — Matteo me olhou franzindo o cenho.
— Naquele dia que teve a partida de basquete na sua escola.
— Ah! Aurora, por que não me disse?
Mas ele não tinha me dito que conhecia o meu irmão como eu ia adivinhar isso?
— Eu não preciso dizer o nome de todos que eu conheço.
Escutei uma risada do Pietro e meu irmão me olhou feio.
— Sou seu irmão mais velho e tenho que saber com quem você anda.
Revirei os olhos.
— Calma, cara! Sua Irmã já é bem grandinha e sabe se cuidar — Renato disse. — Além do mais, não há problemas em sermos amigos.
Renato direcionou um olhar gentil para mim, eu tinha gostado dele.
— Bem... Eu já vou indo, tchau para vocês!
— Até, Aurora! — Pietro disse dando um tchauzinho com a mão
Entrei no meu quarto e senti um pouco de frio, percebi que eu não tinha fechado a janela do quarto, a ao olhar para fora, eu o vi. Eu vi Lorenzo parado na frente da minha janela, não acreditei e mas em um piscar de olhos a sua imagem sumiu como fumaça, O quê? Agora, além dele estar constantemente nos meus pensamentos, eu fico o vendo sem ser verdade.
— Lorenzo Bianchi você irá me deixar louca.
 
03 de fevereiro, Génova- Itália
 
— Aurora figlia, levanta dessa cama menina, já está tarde! — Escutei as reclamações da minha mãe seguido da minha coberta quentinha ser retirada de mim.
— Mamma per favore ainda é cedo — resmunguei.
— Cedo? Já são 07:20! Vamos que ainda tenho que ir ver o seu irmão no hospital
Arregalei os olhos e me levantei num pulo.
— Por que não me acordou antes?
Ela me olhou e soltou um "questa ragazza"
— Bem que eu tentei. — Ela saiu do quarto e eu corri para o banheiro e tomei o banho mais rápido da minha vida.
Meus pais falaram com o Matteo e no momento que eu contei o que aconteceu eles o levaram ao hospital, como a ferida estava feia e ele perdeu sangue os médicos resolveram internar ele por uns dias, para que possa se recuperar mais rápido. Matteo não gostou muito da ideia mas não tinha o que fazer.
 
                                     ♤
Eu corri tanto que até estou com falta de ar, mas cheguei. Bati na porta da minha sala de aula e entrei, todos levantaram a cabeça para me olhar odeio chamar a atenção, a minha professora chata de Biologia não estava com uma cara muito boa, além dos alunos a tirarem do sério detesta atrasos, o que significa:
T O  F E R R A D A
— Professora, desculpa pelo atraso. É que e...
— Nada de desculpas, senhorita Aurora. Na minha aula você não entra, e você ficará na detenção!
— Mas pro...
— Com licença, que eu preciso dar a minha aula. Espere lá fora. Disse e se virou para o quadro voltando a escrever o assunto da sua aula
— Mas professora, a Aurora nunca se atrasa, deixa passar essa — Lina disse tentando me ajudar, a professora a olhou.
— Você também quer fazer companhia a ela? Se virou e olhou diretamente para Lina que se calou, todo mundo detesta detenção você só fica umas horinhas em uma sala com um professor chato que não faz nada a não ser ficar sentado lendo um livro ou mechendo no celular enquanto nos morremos de tédio
— Estou esperando você sair, ou quer que eu chame o diretor? Ela falou, acho que eu não vou conseguir conversar ela
Ia sair apressada dali, até escutar o que o Lorenzo disse.
— É a primeira vez que ela chega atrasada, Aurora sempre foi uma aluna exemplar e sempre participa das suas aulas e tira as notas mais altas, o que custa deixar passar hoje? A senhora está irritada por sua vida estar uma merda, mas não precisa descontar nos outros.
Lorenzo estava me defendendo e eu queria o chão agora. Todos estavam calados, afinal esse é uma cena não muito corriqueira de acontecer muito menos envolvendo Lorenzo Bianchi.
A professora ficou ainda mais irritada
— Os dois para fora!
Ele pegou a sua mochila e se levantou vindo até mim, e segurou a minha mão e me tirou da sala. Repetindo, Lorenzo segurou a minha mão!
Ele andava e eu não sabia para onde estava indo, eu apenas fiquei calada e deixando que me guiasse
Lorenzo parou em frente a uma sala e entrou, olhei em volta e era uma sala de aula, tinha algumas frases nas paredes, versos de músicas e algumas notas musicais.
Ela tinha alguns instrumentos musicais e apenas nos dois estávamos nela, me virei na direção do Lorenzo para olhá-lo e ele já estava sentado mexendo em seu celular. Antes que eu perguntasse porque nos levou para aquela sala, como se ele lesse a minha mente, Lorenzo falou:
— Estamos aqui porque se ficarmos pelo colégio, vamos parar na diretoria.
— Obrigada por me defender — disse baixinho morrendo de vergonha.
— Eu faria por qualquer pessoa — ele falou ainda olhando o seu celular, mas logo desviou do o olhar e passou a me olhar. Nossos olhares se encontraram e eu senti as borboletas no meu estômago e prendi a respiração, seu olhar era tão intenso e eu estava muito envolvida, foi um misto de sentimentos, até Lorenzo cortar essa conexão.
Ele abaixou a cabeça e voltou a mexer no celular, como se nada tivesse acontecido. Ele realmente não sentiu a mesma coisa que eu? Ou, eu estou perdendo o meu tempo com esse amor?