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Capítulo 5

Kevin
    Quinze anos sem aparecer para ser exato, não falava com meus pais há um bom tempo, eles me afastaram dela, a única menina que me importava na vida, ela era minha amiga, meu amor, era tudo para mim.
Certo, eu só tinha quatorze anos, mas eu sabia o que eu sentia, ficava de coração partido do jeito que meus pais racista a tratavam, tinha que vê-la escondido deles, sempre   queria estar perto dela, só que eu nunca falei para ninguém.
Desde que ela foi para minha casa eu a via olhar para nossas coisas do colégio com vontade e isso me deixava tão triste e de coração partido.
Ficava pensando, por que ela não estudava? E por que meus pais não a colocavam em um colégio? Poxa vida, era obrigação deles fazer isso, mas não em vez disso ela era mantida trancada e quando íamos para o restaurante eles não dava comida para ela, o que eu achava um absurdo e eu sempre dizia:
— Vocês não vão dar comida pra Hadiya, não é.
— Em casa ela come, está doido Kevin de deixar essa negrinha sentar na mesa junto com a gente. — minha mãe respondia.
— Vocês sabem que a escravidão acabou há muito tempo, né?
— Cala essa boca garoto, tratamos ela como uma negra merece e pronto. — falava minha mãe.
Ela tinha um olhar tão triste e isso acabava comigo, mas o que uma criança de 13 anos poderia fazer nada.
Eu tentei ajudá-la a aprender as palavras, Maithê sempre me encobria quando eu queria vê-la, uma garota tão linda que parecia um bicho enjaulado pelo meus pais, odeio eles, eu juro que odeio, pois depois de anos com a minha amizade secreta, eles descobriram e quiseram me afastar dela, me levando pra outro país, só porque eu falei que gostava dela e minha mãe jamais aceitaria o filho dela brincando com uma negra, como ela a chamava.
Absurdo minhas irmãs fazia todas as vontades deles mesmo sem querer, ou querendo, não sei, pois elas curtiam fazer Hadiya de seu brinquedo, então elas deviam gostar e saber o que faziam, minhas irmãs já eram bem grandinhas, acredito que uma criança de oito e dez anos, já deve saber muito bem o que faz.
Só que eu como irmão e que amo minhas irmãs, prefiro pensar que elas fazem isso por causa dos meus pais, é até melhor para aceitar que duas crianças não podem ter e nem pensar maldade.
Escrevi uma carta para minha menina, falando que a amava e muitas coisas mais, para ela ser forte e nunca desistir, ficou uma carta enorme e romântica, falei também que voltaria logo para buscar e fugir com ela.
Fui no quarto dela quando todos estavam dormindo, pois precisava me despedir dela, mesmo que ela não soubesse e pensasse que eu não fui me despedir dela, entrei no quarto e ela estava dormindo. Tão linda essa garota!
 
Na verdade, preferia assim, vê-la chorando seria a pior coisa do mundo para mim.  Eu estava chorando e meu pai falou que homem nunca deve chorar e mostrar sua fraqueza, nem ligo para o que ele fala, quero chorar e choro, mas e daí, isso não vai me tornar menos homem, até porque ainda não sou um, sou apenas uma criança.
Por que tem que ser assim?
Sofri tanto, se pudesse pegaria ela agora e fugiria, Hadiya jamais vou esquecer você meu amor, nunca falei isso para ela e preferi assim, eu sei que sou novo para amar, mas a amo de verdade.
Ela falou que me ama, mais não teve resposta, eu não queria falar eu também te amo, para depois ir embora.
Deixei de falar para ela dos meus sentimentos, é melhor do que fazê-la sofrer, ela já estava muito triste quando falei que ia embora, chorou tanto, me deixando mais mal ainda por deixá-la com esses monstros que se dizem ser meus pais.
Uma vez vi meu pai olhando para ela de um jeito estranho, se ele ousasse a tocar, como vejo ele pegando outras empregadas da casa, eu o mato.
Ela só é uma criança e ele não é maluco, ou é e não sei. Falei para ela deixar a porta sempre trancada, se bem que ela já vive trancada e minha mãe que tem as chaves graças a Deus. Não é bom alguém ser mantida presa parecendo uma prisioneira, mas ela era isso nessa casa.
Fiquei olhando minha menina por um bom tempo, dei um beijo na cabeça dela e sai trancando a porta, para minha mãe não saber, coloquei as chaves no mesmo lugar e chegou o dia que ia para Alemanha, não queria ir, mas não posso fazer nada.
Vou ficar em um internato, merda, como eu vou ficar sem ver o sorriso dela, que só sorri comigo.
Isso tudo é uma droga, estou aqui neste lugar sem graça e não gosto nada daqui, mas tenho que ficar e estudar para poder ir logo para casa. Só que se passaram anos e mais anos e eu ainda estava aqui, estudando e sozinho, pois não tinha amigos, não tinha paciência com esses riquinhos que parecem ter o rei na barriga.
Anos se passaram, fiquei adulto e hoje sou dono do meu próprio nariz, meus pais tinham feito uma poupança bem gorda para mim, com esse dinheiro aluguei um apartamento e comecei a fazer um curso de psicologia na faculdade, me formei, mas não trabalhei com isso, gostava mesmo de comprar lugares que estavam falidos e depois vendia bem mais caro, é claro, e assim fiz uma grande fortuna.
Com o tempo conheci Magda e começamos a namorar, ela era uma pessoa amável, nos casamos e eu queria muito um filho, tinha vontade de ser pai e ela engravidou, foi uma alegria só, mas depois que minha filha nasceu essa mulher enlouqueceu, só pode, não pegou a filha nenhuma vez e nem amamentava nossa bebê, conversei com ela e ela falou que era eu que queria um filho, então que me virasse, que não queria saber dessa criança horrível e que não havia nascido para ser mãe, falou isso na maior cara de pau e desde daquele dia a odiei, ela teve a audácia de chamar minha filha de horrível.
Que mãe é essa?
Eu não acreditei naquilo, ela não tinha coração, pensei.
Contratei uma babá que me ajudava a cuidar da minha filha, já Magda sempre estava saindo para as baladas, ela falava que era muito jovem e precisava sair,  ela se drogava, arrumava uma confusão atrás da outra e por isso tive que decidir voltar pra minha cidade, foram muitos escândalos, se eu estou com ela ainda é pela minha filha, queria ver se com o tempo ela se tornava uma mãe de verdade, mas isso nunca aconteceu, devia ter a deixado na Alemanha, os pais dela são de lá e são muito ricos, donos de muitas empresas.
Essa maluca é muito rica e nunca trabalhou, tem uma conta que daria para compra uma cidade inteira de tanto dinheiro que ela tem, mas dinheiro se acaba e ela ainda é jovem, só tem 26 anos, mais gasta muito. Eu devia ter vindo só com a minha pequena, minha filha linda e tão alegre, mesmo com a mãe a maltratado, mas nem por isso ela fica triste.

Book Comment (1876)

  • avatar
    NunesSamantha

    Amei a história! Muito boa!

    22/07

      0
  • avatar
    santos correanathaly

    Ótimo

    21/07

      0
  • avatar
    Kauan Pietro

    muito bom

    20/07

      0
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