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CAPÍTULO 6 - HENRICO ZATTANI

HENRICO ZATTANI
É tortura vê-la tão feliz com outro, saber que existe alguém ocupando o lugar que é meu por direito me deixa insano, na verdade, traz o de pior em mim à tona.
Parece que minha vida foi arrancada sem eu ter chance de escolha e tudo está fora do lugar.
Eu me agarrei ao nosso amor quando fui preso, acreditei que ela ficaria contra o pai e me apoiaria, ou até mesmo encontraria provas da minha inocência e me tiraria de lá, mas nem ao menos uma visita ela se dignou a fazer. Aurora é quatro anos mais velha que eu e me deixou enfeitiçado com toda sua segurança, beleza e independência quando nos conhecemos.
Casou com um menino do interior sem se importar com o falatório e críticas, mas acreditou na primeira mentira que ouviu.
Eu não sou mais um menino. Não sou mais tão ingênuo e definitivamente não tão apaixonado.
Ela não parece mais com a minha Aurora.
No entanto, meus pensamentos sempre são guiados para os momentos em que vivemos juntos, os poucos meses que passamos nos amando na minha fazenda foram reais e significativas para mim.
Recuso-me a acreditar que para ela foi uma mentira, um passatempo, tem que ter significado algo.
— Você ainda está nessa? — Guilhermino pega a pequena foto que eu encarava e afasta de mim.
O encaro surpreso, não ouvi os sons dos seus passos, apesar de estarmos no estábulo e existir muito feno pelo chão. Franzo o cenho, agora irritado por ser pego em um momento de fragilidade e íntimo.
Pego a fotografia de volta e coloco na minha carteira, ignorando seu olhar.
— Não é da sua conta. — Resmungo, colando a carteira de volta no bolso da minha calça.
— Você precisa superar essa mulher, na verdade, precisa superar toda essa gente.
— Ela era minha mulher. — Falo, possessivo, irritado, cansado. 
Ele me encara avaliativo, tentando absorver todos os significados das minhas palavras e expressões.
Seu olhar fica mais duro e me preparo para ouvir o pior.
— Era. Ela está casado com outro e não dá a mínima para você, então desapega e cuida da sua vida, moleque.
Meus punhos se fecham. Sinto meu corpo inteiro tensionar em defensiva. Ele está me testando, nunca fui um homem explosivo, mas a cadeia também cuidou de mudar isso.
Ele não entendeu que já não sou o mesmo. A postura de irmão mais velho não vai me fazer retroceder e nem me assustar. Eu presenciei e fiz coisas piores.
Só desista de tentar me impedir.
— Não é da sua conta. Eu ainda não terminei com Aurora, preciso entender o motivo dela ter me deixado e pedido o divórcio sem nem ao menos me ouvir.
— Céus, você ainda a quer? — Pergunta incrédulo.
— Eu quero muitas coisas no momento, mas minha vingança ganha em disparada.
Ele bufa.
— Você ainda a ama. — Mantenho meu silêncio, ainda comprimindo minhas mãos em punhos.
— Ok, faça o que quiser. Vou me preocupar com a fazenda e deixar você lidar com suas merdas sozinho.
Ele sai, virando as costas sem dizer nenhuma palavra a mais. 
— Você não entende, enquanto eu estava preso naquele lugar eles comemoravam aqui fora. Minha infelicidade foi a felicidade dos Leal por muito tempo, agora eles precisam pagar.
Libero meus dedos do meu aperto e afrouxo os punhos.
Ele cessa seus passos, demorando alguns segundos parar girar o corpo e encarar, dando um longo suspiro  antes de olhar fundo em meus olhos.
— Você continua preso, Henrico. Continua preso aqui e aqui. — Ele aponta para a  sua própria cabeça e depois para o peito, bem em cima de onde fica o coração.
Volta a andar, dando—me as costas novamente.
O observo se distanciar cada vez mais, sentindo o amargo que suas palavras trouxeram.
Meu telefone vibra no bolso de trás da calça e afasto os pensamentos confusos que não quero ter que lidar agora.
Deixo um sorriso brincar em meus lábios quando leio a mensagem, respondendo de imediato.
Mandei um novo número para ela, o pessoal. Descartei o anterior e mantenho outro para falar com Soares e sua corja.
Eles serão úteis no momento certo, o melhor agora é deixar com que pensem que estão no controle.
O jogo é meu. Aqui, todos são meus peões e nem mesmo a rainha vai se safar.
Sério, você é algum psicótico?
××
Se eu fosse, não te responderia de forma positiva, Amélia.
××
Você tem razão, então o melhor é parar de te responder."
Franzo o cenho, não entendendo porque essa possibilidade fez um desconforto se remexer em meu corpo.
Você não consegue mais viver sem mim, seus dias se tornaram melhores comigo.
××
Abaixe a bola, Sr. Mascarado. Tenho uma fila de pretendentes."
Arqueio uma sobrancelha para sua resposta. Ela parece atrevida hoje.
××
Oh, sim. Fale-me mais sobre isso.
××
Não posso, tenho um compromisso agora.
××
O que pode ser melhor que falar comigo?
Céus, eu me sinto tão adolescente fazendo esse joguinho.
Encaro a tela do celular esperando pela sua resposta. Se estivéssemos conversando por alguma rede social agora, poderia checar se ela está online e visualizou minha mensagem.
Do que eu estou falando? Visualizar mensagem. Cacete, isso não está acontecendo.
"Conversar pessoalmente com alguém de verdade".
××
Eu sou de verdade.
××
"Não estou certa sobre isso, você pode muito bem ser fruto da minha imaginação, eu estava tão bêbada naquele dia.
××
Achei que não bebesse com estranhos.
××
"Só quando eles são frutos da minha imaginação."
××
Só uma
imaginação muito fértil
para me criar, perfeição pura.
××
"Seu ego está me sufocando mesmo por mensagem, para você é tchau.
××
Sério, o que é melhor que falar comigo?
Olho ao meu redor, checando se não tem nenhum funcionário da fazenda me espiando agora, devo está com uma cara de idiota e não quero ser pego novamente.
A bastarda não é tão ruim.
Espero que chegue mais uma mensagem sua, mas os minutos se arrastam e me canso de esperar. Pego o outro telefone e disco para um dos cinco números salvos.
— Me diga que tem novidades. — Falo.
Uma pausa se instaura, o  homem do outro lado da linha deve tá estudando minha voz para reconhecimento já que não me apresentei.
— Sim, parece que o genro de Augusto Leal não é tão certinho quanto aparenta, parece que uma filha é pouco para ele.
Aperto o celular contra meu rosto. Sentindo meu corpo inteiro queimar com a sugestão do homem
— Como assim? — Pergunto.
— Amélia Leal, a irmã mais nova da sua ex mulher está trocando carícias com o próprio cunhado.
Arremesso o celular longe, sentindo meu peito subir e descer com aumento da minha respiração.
Eu deveria estar feliz com essa informação, mas por algum motivo eu quero arrebentar algo.

Comentário do Livro (1251)

  • avatar
    MorettoJuliana

    ótimo

    12h

      0
  • avatar
    KJuliana

    maravilhosa

    14h

      0
  • avatar
    SilvaBianca

    m.mmmm

    21h

      0
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