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Capítulo 2 Case comigo

Fiz um sinal para que meus pais viessem e sentassem próximos a mim, os garotos olhavam atentos cada movimento como em um daqueles filmes de suspense. Meus pais me abraçaram, falaram com o Tio Noah que cedeu seu lugar e ambos sentaram no sofá. Era estranho vê-los ali depois de algum tempo separados, diferente do que muitos imaginam não era nem um pouco reconfortante, eu só queria que um meteoro caísse na minha cabeça... É pedir demais?
— Onde está o seu noivo? - Meu pai me perguntou impaciente, me olhando firmemente enquanto balançava sua perna violentamente.
Ele foi a pessoa mais contra essa ideia de casamento desde o começo, odiava que eu namorasse sem que ele conhecesse o rapaz, isso porque ele nem mesmo sabia da realidade do nosso relacionamento.  No fim era uma maneira de me proteger da merda na qual me meti, eu só poderia ser a filha mais ingrata do universo.
— Ele... É... Ele... - Comecei a tentar explicar mas minha cabeça entrou em desespero e nada saía da minha boca.
Como poderia dizer que acabou? Como dizer que depois de tudo o canalha não teve nem mesmo a decência de vir acabar pessoalmente?
Eu deveria estar pensando por alguns minutos em como responder, porque logo ouvi uma voz apressada falando com toda a incerteza existente.
— Está um pouco atrasado - Zack disse apressadamente o que levou o olhar dos meus pais a ele.
— É, ele nos avisou a pouco que se atrasaria - Larry completou, estalando os dedos como se acabasse de lembrar disso.
— Mas não se preocupem já já ele estará aqui - Luis entrou na conversa esboçando um sorriso enquanto via meus pais se entre-olharem incrédulos.
— Ele deve ter ficado tão nervoso que perdeu a hora - Henry comenta tentando amenizar, parecendo mais nervoso que o próprio "noivo".
— Ele é tão descompromissado assim? Quem garante que não chegará atrasado no casamento? - Minha mãe murmura porém alto o suficiente para que eu ouvisse, lancei um olhar preocupado para o meu tio.
— Sem falar no trânsito infernal, irmã, você viu como estava antes de chegar aqui! Essa cidade é mesmo cheia o tempo todo - Tio Noah interferiu.
Eu só podia pensar que até meu tio fora corrompido. Do que eles estavam falando? Será que isso não iria dar mais problema? Melhor contar logo de vez o que está acontecendo ou iria me encrencar mais ainda para voltar a minha cidade. Assim que abri minha boca para falar alguém entrou no bar: Um garoto, alto, loiro a minha definição de bonito foi atualizada.
— Finalmente! - Todos saltaram com o que Henry falou e desviaram sua atenção ao rapaz que acabou de entrar, eu fechei a boca.
O loiro chegou com um capacete em mãos, uma jaqueta de couro, camiseta branca, calça preta e um tênis. Enquanto caminhava, ajeitava seu cabelo de uma forma bem despojada, Larry colocou um dos bancos à frente dos meus pais da forma mais rápida que poderia.
— Que feio se atrasar assim para conhecer os pais da sua noiva - Luis falou e empurrou o pobre do menino para sentar. Zack foi para perto dele e sussurrou algo em seu ouvido enquanto ele sentava, com um semblante de quem não fazia ideia do que acontecia mas logo abriu um sorriso carismático.
— Desculpem a demora, o trânsito estava horrível e parei para reabastecer - Ele se desculpou e apertou a mão dos meus pais, levantou-se rapidamente para beijar minha testa em seguida.
— Então você é o famigerado noivo da nossa filha? - Meu pai perguntou cruzando os braços, agora mais impaciente ainda se é que isso era possível.
— Sim, senhor... Espero fazê-la o mais feliz possível, ela falou tanto do senhor e da senhora que parece que já os conheço... Senhor e senhora... - Ele fez uma pausa e procurou com os olhos um modo de completar a frase.
Meu tio se encostou na parede e mexeu os lábios devagar, eu franzi o cenho, me segurando para não bater com a mão na testa. Voltei meus olhos ao garoto, não sabia se estava agradecida ou com medo desse total estranho acabar com minha vida ali mesmo, porém levando em conta que é apenas uma mentirinha, o que poderia dar errado?
— Senhor e senhora Brown - O loiro completou, suspirei de alívio por ele ter realmente acertado de primeira.
— Qual o seu nome querido?- Minha mãe perguntou com um olhar curioso.
Graças a Deus eu nunca disse o nome de Freddie para nenhum dos dois, uma escolha dele mesmo, queria fazer realmente uma surpresa total. Fiquei mais que aliviada com isso agora, assim esse rapaz não vai estragar tudo de uma vez.
— Meu nome? - Ele olhou para mim na esperança que o ajudasse mas eu apenas dei de ombros, sem saber como reagir — Zack, Zack Monroe.
— Ei - Zack protestou ao que Luís e Larry cobriram sua boca antes dele continuar.
— Então, como vocês se conheceram? - meu pai questiona em alto e bom som, como se isso fosse mudar a aprovação dele. Revirei meus olhos discretamente, respirando devagar.
— Em uma bienal de livros na minha cidade senhor, com todo respeito sua filha foi a coisa mais linda que já vi passar - ele falou e pegou em minhas mãos sorrindo para mim em seguida.
Uns minutos depois o garoto-sem-nome e meus pais já estavam conversando animadamente sobre mullingar, experiências antigas, pontos favoritos da cidade e todo o resto enquanto eu fiquei totalmente parada, perplexa e com a mente em outro lugar.
— Temos que ir, ou não pegaremos nosso voo - meu pai avisa com um ar de quem queria ficar mais um pouco, como se já fossem super amigos.
Finalmente, Eu e o garoto sem nome fomos levar eles ao táxi para continuar nossa atuação de noivos de uma forma convincente.
— Tchau mãe - Falei e a beijei na bochecha — Tchau pai - o abracei rapidamente.
— Tchau filha - Minha mãe se despediu com pesar ao tocar meu braço — Tchau Zack.
— Tchau senhor e senhora Brown espero vê-los em breve no casamento - Ele sorriu e se despediu devidamente dos dois, como se estivesse realmente triste com a partida de ambos.
Eles entraram no taxi e nós assistimos se distanciarem, ainda com sorrisos nos rostos. Assim que os perdemos de vista suspiramos em conjunto aliviados, sentia como se um peso enorme saísse das minhas costas.
— Obrigada - falei sem saber o que dizer aquele garoto.
— Relaxa, vamos entrar.
Entramos andando devagar e recebemos olhares de todos, o loirinho pegou uma cerveja e eu peguei uma everclear, ambos sentamos no sofá. Todos estavam calados pensando no acontecido de segundos atrás.
— Cara, essa foi boa - Luis comentou rindo como se aquilo fosse a coisa mais engraçada que já viu, eu bebi minha everclear em um gole que desceu rasgando a minha garganta.
— Por que você usou meu nome?- Perguntou Zack
Eu dirigi meus olhos ao rapaz ao meu lado e agora pude observar as falhas em seu rosto, sua barba por fazer e seus olhos que eram particularmente lindos. Senti meu corpo esquentar pela quantidade de álcool que descia de uma vez só, encostei mais no sofá e esperei que um milagre divino me matasse.
— Ué, eu não tinha ideia de que nome poderia ser o meu nome falso e você estava lá parado com cara de tacho - Ele falou com um sorriso em seu rosto, bebericando sua cerveja.
— O que você vai fazer agora? - Perguntou Henry trazendo a atenção para mim. Fiz um barulho com a boca demonstrando não ter entendido a pergunta, estava em outra dimensão com toda certeza.
— Você nos disse que não tinha emprego e ia se mudar para a casa do tal do Teddy.
— Freddie - Corrigi, apesar que era irrelevante naquele momento o nome do inútil.
— Freddie, Teddy da na mesma! Enfim o que vai fazer agora? - Henry indagou enquanto todos me olhavam com atenção total.
— Não faço ideia - Suspirei pesadamente.
— Você pode ficar na minha casa enquanto não arruma um lugar - O rapaz de cabelo encaracolado praticamente correu para o meu lado e se sentou olhando bem nos meus olhos, me fazendo observar suas feições.
— NÃO! - Luis grita chamando a atenção de todos.
— Ela não vai morar com você - Noah falou e revirou os olhos, como se fosse a ideia mais estúpida de todos os tempos.
— Foi só uma sugestão... - Henry se retirou abatido e eu sorri involuntariamente.
— Eu até ofereceria minha casa, mas minha noiva arrancaria minha cabeça - Zack suspira, dando de ombros.
— Ela pode ficar comigo - O garoto sem nome falou e deu um gole grande em sua bebida.
— Eu nem te conheço - Falei o olhando de relance, sem entender o por quê de toda essa bondade.
— Não seja por isso, satisfação, Nicholas Hayes. O prazer vem depois... - Ele me estendeu a mão e piscou com um sorriso ridiculamente lindo estampado em seu rosto.
— É... Prazer Olivia - Apertei sua mão devagar e ele sorriu mais, de modo que seus olhos quase fecharam.
— Seria uma boa, todos sabemos que Nicholas é um dos mais decentes de todos aqui - Larry falou e os outros concordaram com a cabeça.
— Só terei uma condição - O rapaz que estava ao meu lado falou e se virou para mim, agora sério.
— Qual seria?
— Você tem que casar comigo - Ele responde com tanta simplicidade que espantava.
— QUÊ? - Gritei quase de imediato arregalando os olhos, sei que estou desesperada mas tudo tem limites.
— São só por 3 meses e de mentira. Eu estou para escrever uma peça, onde os personagens principais são casados e preciso de ajuda quanto a isso. Vamos lá você não tem muita opção aqui, só vai precisar fazer o que eu pedir, nada de sexo nem coisas estranhas, te dou um lugar para morar enquanto precisar, se cumprir esses 3 meses direitinho, pode ficar o quanto quiser.
Pensei um pouco, não parecia ruim para mim que não estou com tanto dinheiro na conta e desempregada. Não é a melhor ideia do mundo, mas é o que preciso agora.
— Tudo bem - Respondi e suspirei passando a mão no rosto.
Onde que eu fui me meter?
******
Estava no começo da tarde quando eu e Nicholas chegamos a seu apartamento, era grande e muito bem decorado para alguém que morava sozinho... Será que ele tem alguém e só não quer me dizer?! Algum tipo de ménage muito estranho.
— Fique a vontade, vou por suas coisas no seu quarto.
Já estava começando a me arrepender e nem havia pisado no apartamento direito, iriam ser longos 3 meses de convivência.
— Tudo bem se eu for fazer o jantar? - Perguntei observando a sala, queria ser útil de alguma coisa para ele.
— Claro, afinal aqui também é sua casa agora.
Fui diretamente a cozinha que por sinal era bem bonita e moderna, parecia um apartamento de uma pessoa incrivelmente rica.
Estilo tudo preto e um branco off-white. Apesar da curiosidade, não perguntei nada nem fiquei olhando as coisas e fui direto ao que iria fazer.
Como eu não sabia exatamente do que o bonitão lá gostava eu fiz um Roast Dinner e Curry. Comemos em um silêncio confortável, ele disse que gostou bastante o que me deixou aliviada. Fui lavar os pratos enquanto meu "marido" procurava um filme para assistirmos.
— Querida! - Nicholas me chama em um tom agradável, quase que satisfatório.
Ele está mesmo me chamando de querida?! É estranho quando se acaba de sair de um relacionamento, mas também não é como se eu tivesse namorado meu noivo por tanto tempo ao ponto de sentir falta de quando me chamava assim, agora preciso é parar de pensar baboseira.
— Já vou - falei enquanto enxugava as mãos e me dirigi até ele rapidamente.
Encontrei Nicholas deitado no sofá, assim que notou minha presença, ele bateu no lugar ao seu lado para que eu me sentasse. Sentei não muito próxima dele que me puxou mais para perto me deitando no sofá, estava agora com a cabeça em seu peito. Era adorável e cheirava à chocolate branco com morango. Seu braço estava ao meu redor me deixando presa ali, me senti como uma menininha, era definitivamente a melhor coisa que senti nas últimas semnas. Eu assisti até metade do filme, e logo dormi de tão cansada que estava naquele momento.
Acordei com uma mensagem no celular, o Hayes ainda me abraçava apesar de ter cochilado, então tive um pouco de dificuldade para pegar o celular.
De: Tio Noah
Para: Olívia ♡
"Ei Liv! Como está sendo aí? O Nic está se comportando? Me diga se acontecer algo, eu e os meninos vamos dar uma porrada nele ;)"
De: Olívia ♡
Para: Tio Noah
"Pode ficar tranquilo Tio :), por enquanto ele no máximo é estranho.
Quero dizer, ele é bem estranho, mas não ao ponto de manda-lo ao hospício então tudo ok."
— É feio falar dos outros pelas costas.
Com o susto que tomei dele falando ao meu ouvido rolei do sofá pro chão e cai de bunda, Nicholas começou a rir loucamente sentando no sofá. Senti meu rosto esquentar, levantei e cruzei os braços totalmente sem jeito.
— Não tem graça! - Falei fingindo estar com raiva para não passar mais vergonha — Onde fica o quarto?
Queria fugir dali o mais rápido possível, meu sobrenome poderia facilmente ser desastre de tanta vergonha que sou capaz de passar.
— Corredor, 2ª porta à direita – Ele falou parando de rir finalmente.
Corri até onde me disse e abri a porta, o quarto era até que espaçoso e moderno. Havia uma cama de casal em tons claros, com quadros pendurados acima da cama, um carpete felpudo no chão, uma poltrona, ar-condicionado e uma lâmpada que parecia valer bem mais que a roupa que eu estava usando.
Peguei uma toalha e me dirigi ao banheiro, era igualmente lindo, tudo em um mármore branco incrível, haviam um box enorme e uma banheira com espaço suficiente para duas pessoas deitarem então deduzi que era de hidromassagem. Fechei a porta e entrei no box, ajustando a temperatura para ficar quente, já que eu amava banhos quentes. Fiquei por um tempo ali só apreciando até ouvir a porta se abrir. Me assustei com a ideia daquele rapaz que acabei de conhecer me ver pelada e dei um grito, apesar de haver uma fumaça no vidro do box que provavelmente embaçava tudo.
— Você só sabe gritar? - Nicholas perguntou abrindo o armário do banheiro, quase consegui ver seu semblante.
— Se você ficar me assustando, sim vou gritar. E já ouviu falar em bater?
— Ia dar na mesma, eu não estou vendo nada se é isso que te preocupa.
— É exatamente o que me preocupa e como tenho certeza que você não está vendo nada?
— Aí cabe a você confiar em mim, se não confia sai daí e vem ver se daqui da para ver alguma coisa.
— Não, engraçadinho.
Assim que ele saiu eu me apressei para sair do box, vesti um cropped cinza e um short branco de tecido, pretendia ir ao bar bater um papo melhor com meu tio já que irei permanecer por aqui. Fui para a sala e encontrei o Hayes no sofá com uns papéis ao redor dele e o notebook em seu colo, sentei na poltrona a seu lado e comecei a assistir a um filme que passava na hora, até que senti algo me acertar. Olhei para Nicholas que estava novamente virado ao notebook, olhei para a TV e fui acertada novamente, desta vez peguei o que voou em minha direção.
— Bonito senhor Hayes - Falei entre dentes segurando o papel em mãos.
— Eu?! Mas eu não me mexi! - disse levantando os braços com um sorriso cínico nos lábios.
— Não caio nessa, ou foi você ou o papel saiu dai sozinho e voou pra cá.
— Eu acredito na segunda opção.
Peguei uma almofada e joguei nele com força, fazendo alguns papeis caírem no chão.
— Ei! - Ele reclamou, deixando seu notebook na mesa de centro, jogando uma almofada em mim em seguida.
— PARA - Aumentei o tom e joguei duas almofadas nele rindo, meu coração aqueceu automaticamente.
— Você que começou!
Ouvimos a campainha e paramos para que Nicholas fosse atender, tentei voltar a assistir mas não conseguia evitar o sorriso em meus lábios nesse momento.
— O resto das suas coisas chegaram.
Levantei e fui tirar as coisas das caixas, com a ajuda do rapaz.
— A porta tá aberta - Falei e o olhei.
— Deixa assim, para entrar ar.
Continuei a desempacotar tudo devagar, até uma garota desconhecida chegar a porta e parar lá. Fiquei a observando, esperando que falasse algo ou ao menos entrasse.
— Nicholas - A garota chamou, encostada no batente, eu parei para a olhar bem.
Ela se parecia muito com uma meretriz, isso me chamou total atenção. Seus cabelos eram longos, seu rosto cheio de maquiagem nada harmônica, usava um vestido curto com um espartilho, que deixava seus seios quase à mostra, com uma bota com salto.
— Erika - Nicholas falou virando para a porta, agora parecendo surpreso.
— Precisamos conversar - A Erika disse, me lançando um olhar de desprezo, o que me causou um arrepio na espinha. Abaixei a cabeça e voltei ao que estava fazendo anteriormente.
— Não mais. Aliás Erika, soube das grandes novidades? - Ele pergunta com um sorriso cínico me levantando devagar para que ficasse ao seu lado, coloquei o que eu segurava no chão e o olhei sem entender.
— Quais? - Ela pergunta impaciente cruzando os braços.
— Me casei, com ela - Meu então marido me abraça de lado, eu permaneci imóvel com a cara congelada em um total de zero emoções — Agora se nos der licença, precisamos terminar algo.
Dito isso, ele me colocou contra a parede. A próxima coisa que vi foi que o Hayes me puxou me fazendo agachar, só então noto o meu abajur caríssimo bater na parede e se partir em inúmeros pedacinhos. Aquele era o meu favorito, a única coisa que me restava da minha avó, e estava agora em pedaços. Meu sangue ferveu imediatamente, fiquei cega pela raiva, e só pensava: é hoje que cometo um crime de ódio.

Comentário do Livro (1200)

  • avatar
    emanuelly cardoso

    Amei muito

    19d

      0
  • avatar
    Ketellyn Mourao

    muito bom

    20d

      0
  • avatar
    AlencarEverton

    bom

    25d

      0
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