05 de fevereiro, Génova- Itália
O som irritante do meu celular tocando já estava me irritando. Ainda meio desacordada estiquei a minha mão a procura do meu celular, quem seria o ser que estava me ligando tão cedo? A contra gosto atendi a chamada.
— Quem é?— perguntei irritada e sonolenta
— Parece que alguém acordou de mau humor. Era a Lina
— Lina você que me acorda cedo também, o que você quer? Perguntei
— Espera, cedo? Aurora, são dez horas da manhã — ela falou rindo.
— O quê!? Não acredito que perdi a hora hoje. accidenti! Será que me deixam entrar no colégio? — Falei me sentando na cama
E escutei a risada de Lina do outro lado da linha, que amiga eu fui arrumar rindo das desgraças alheias.
— Não tem aula hoje, Aurora, avisaram ontem. Você não estava prestando atenção quando a diretora avisou? Ela disse e eu suspirei me jogando na cama de novo
— Avisou? Ah, eu não estava prestando atenção.
— Como sempre.
— Ei! Eu sempre presto atenção — reclamei.
— Certo, certo! Em fim, não foi para isso que eu liguei. Como hoje não tem aula, eu, Jaegyu e Jihoon, combinamos de ir ao cinema, vamos Aurora vai passar um filme bem legal.
— Acho que eu não vou, prefiro ficar em casa hoje.
— Aurora, per favore! O Luca vai e eu quero que você conheça ele. Pela sua amiga que você ama muito.
Começou as chantagens, até posso imaginar a cara que ela está fazendo agora, igual a de um cachorrinho que pedi comida.
— Está certo Lina eu vou. Acabei aceitando eu sei que se eu dissesse não ela não me deixaria em paz
— Ti amo. Então vamos passar aí para te buscar, esteja pronta às 14:00, se não você fica sem a nutella que eu ia te dar. Tchau, vaca
— Essa doeu, não bote a nutella nisso. Vaca é você, sua cabrita, me respeita
Ela riu e desligou.
Pensei em voltar a dormir mais um pouco mas eu não iria conseguir mesmo, levantei me espreguiçando e escutei um miado, a gatinha da vizinha estava na minha janela fechada acho que ela quer entrar.
— Bom dia pequena. Eu falei abrindo a janela e a deixando entrar
Hoje eu optei por colocar uma roupa de frio, o clima estava agradável, um pouco frio mas eu gosto.
Na sala estava o meu irmão jogado no sofá assistindo o que parecia ser um anime, enquanto comia pipoca. A sala estava uma bagunça cheio de saquinhos de salgadinhos espalhados, ele está aproveitando que meus pais não estão em casa mas se ele pensa que vamos viver em um chiqueiro está muito enganado, eu puxo ele pelas orelhas mas Matteo vai deixar essa sala brilhando de limpa.
— Matteo, você sujou você limpa, está avisado — disse e fui para a cozinha olhar na geladeira o que tinha e tentar fazer alguma coisa para comer.
— Você é chata, parece até a mãe — Matteo disse.
— Se chata quer dizer gostar de tudo limpo, sim sou mesmo.
Além de pipocas e bolachas, só tinha macarrão instantâneo, seria isso mesmo que eu ia comer, eu com certeza teria que comprar algumas coisas, mas será que minha mãe deixou dinheiro? Se não, Matteo vai te que me dar um pouco. Coloquei a água para ferver e voltei a sala e me sentei no sofá
— Ah... Hoje eu vou sair com a Lina, Jaegyun e Jihoon, vamos ao cinema, você quer ir?
— Você não vai se encontrar com o Lorenzo ou vai?
— Qual a parte do vou sair com a LINA, JAEGYUN E JIHOON, que você não entendeu?
Ele bufou parecendo irritado, quem deveria estar irritada sou eu, para que tanta pirraça contra o Lorenzo?
— Não fica brava, eu falo para o...
— Seu bem, eu já sei. Mas, não concordo porque não faz sentido e você não explica, eu não vou entender nunca.
— Respondendo a sua pergunta, eu não posso ir hoje, vou sair com a Laura
— A loira baixinha do 2° ano?
— Essa mesma.
— Você não tinha namorada?
— Terminamos faz alguns dias.
— E você já está saindo com outra?
— A fila anda e tenho que aproveitar, já que as garotas caem de amor por mim mesmo — disse todo convencido, com um sorriso irritante
— Se acha demais.
— Não me acho, é que eu sou lindo mesmo. Só você não puxou a beleza da família.
Joguei uma almofada nele, que riu.
— Idiota.
                                        ♤
Eu estava sentada no degrau na frente da minha casa esperando pelos meus amigos. Olhava para os carros passando procurando pelo carro de Jaegyun.
Um carro parou e buzinou, Jaegyun acenou com a mão, me aproximei e abri a porta entrando no carro.
— Oi pessoal — eu disse.
— Oi mi amor, obrigado e eu te amo sério — Jaegyun falou animado
Eu fiquei confusa, obrigado porque?
— Mas é um idiota mesmo — Jihoon disse rindo e me olhando perdida ele resolveu me explicar. — Apostamos sobre você ir ou dar perdido na gente, e Jaegyun ganhou.
— Como se eu pudesse faltar, vocês conhecem a Lina, falando nela vocês ainda não a buscaram? Falei ao perceber que faltava a Lina.
— O namorado dela vai buscar ela — disse Jaegyun.
— Ah... — Eu respondi.
 
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Jaegyun demorou horas para achar uma vaga para estacionar, nos demos voltas e mais voltas até ele conseguir achar um bom lugar. Quando finalmente conseguimos entrar no shopping, Lina tinha mandando algumas mensagens perguntando onde estávamos e que já estava esperando no cinema. Assim que avistamos a Lina na frente do cinema ela acenou para nós e fomos em sua direção, ela estava junto de mais dois garotos e... o Lorenzo?
— Que demora — Lina reclamou
— A culpa não foi nossa, apenas estava difícil arrumar uma vaga — Jihoon disse.
Lorenzo me olhou e eu desviei rapidamente o olhar morrendo de vergonha, será que fiquei tempo demais o olhando?
— Então pessoal esse é o Luca.
Dei um sorriso para o garoto, que retribuiu.
— Ouvimos falar bastante de você. Jaegyun disse e Lina o olhou irritada e Luca parecia envergonhado. — Eu sou o Jaegyun e esse é o meu irmão Jihoon.
— Oi, eu sou a Aurora. Eu disse meio sem jeito, acho que o motivo de Lorenzo esta aqui me deixava assim.
— E eu sou o Vito, ou Vi, como preferir. Sou amigo do Luca. — Ele falou e deu um pequeno sorriso.
— Bem, o Lorenzo vocês devem já conhecer, já que estudam na mesma escola — Luca disse.
— Na verdade, na mesma sala — disse Jihoon.
Lorenzo não falava nada, só ficava parado olhando para os cartazes dos filmes.
— Bem, vamos logo assistir esse filme, estou ansiosa. Dizem que ele é muito bom — disse Lina
Mas para a minha surpresa, o filme era de terror, eu não sabia o nome, mas era um novo. E para o meu azar, eu não curtia muito terror, mas eu tinha que assistir, já estava aqui mesmo. Lina sabe disso e mesmo assim me chama. Na sala do cinema eu fui a penúltima a entrar, seguida de Lorenzo.
E todos sentaram em uma parte onde tinha outras duas pessoas e não havia outro lugar, eu teria que procurar. Vi um, um pouco para cima e me sentei na última cadeira, mas Lorenzo se sentou do meu lado. Se eu estava nervosa? Não, imagina. Ele apenas quase me beijou na última vez que nos vimos.
O filme deu início e eu já queria ir embora. Não era medo okay, era...era, esquece eu estava com medo mesmo. Tomei o primeiro susto e olhei para o lado vendo se alguém notou, todos estavam quietos concentrados no filme, Lorenzo estava estático olhando para a tela. Ele nem deve se importar, acho que gosta do gênero.
Ele percebeu que eu estava o olhando e eu virei o rosto rápido focando no filme, mas pude ver o sorrisinho de canto que Lorenzo deu.
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Já se passaram uma hora e eu estava aqui morrendo por causa desse filme. Já tomei vários sustos, teve um que eu sem querer segurei na mão do Lorenzo, nunca senti tanta vergonha na minha vida e tirei a minha mão rápida mas ele pareceu não ligar muito. Esse meu medo todo não é de agora, foi quando eu era pequena e assistia um filme de terror com o meu irmão e depois eu vi uma sombra no meu quarto, isso me deixou muito assustada, depois disso, nada de filme de terror.
Eu também estava com muita vontade de ir ao banheiro e eu não podia mais segurar, eu estava tão nervosa que acabei bebendo muito refrigerante. Me levantei e Lorenzo segurou o meu braço.
— A onde vai? Perguntou curioso, que inesperado.
— Ao banheiro. Falei
Ele soltou o meu braço e passei por ele, e fui xingada pelas pessoas quando passei na frente delas. Nem me importei era elas ou eu iria mijar nas calças e esse mico eu não vou passar.
A história do banheiro também foi uma desculpa para não voltar mais. Depois de ir ao banheiro, já estava planejando comprar algumas besteiras e ficar andando pelo shopping.
— Então, tem medo de filmes de terror?
Dei um pulo de susto quando Lorenzo falou isso, coloquei a mão no coração tentando me acalmar. Ele estava encostado na parede de braços cruzados, enquanto continha um sorriso.
— Você quer me matar do coração!? — disse pausadamente.
Ele riu.
— Desculpe.
— Por que você veio atrás de mim? — perguntei.
— Bem... — Se desencostou da parede e se aproximou de mim. — Não gosto desse tipo de filme, é muito tedioso, e também.
Ele chegou mas perto e me encostou na parede, eu fiquei parada sem acreditar nessa iniciativa dele.
— Queria te beijar e não podia fazer isso lá dentro.
Okay definitivamente não esperava por essa,
Lorenzo segururou em minha nuca e trouxe o meu rosto para perto do seu, os seus olhos escuros tão profundos me olhavam tão atentamente, divididos entre os meus lábios e meus olhos. Quando menos esperava ele juntou os seus lábios no meu. No começo foi apenas um encostar de lábios algo bem sutil mas coforme fui me deixando levar o beijo se tornou mais intenso e ao mesmo tempo delicado.
Senti várias sensações misturadas e as famosas  borboletas em meu estômago pareciam estar fazendo uma festa. Joguei os meus braços sobre o seu ombro e senti a mão de Lorenzo envolver a minha cintura me trazendo para mais perto de si.  Lorenzo encerrou o beijo com alguns selinhos, mas não se afastou de mim se manteve perto. Abri os meus olhos e encarei os seus que estavam numa tonalidade diferente, estavam cor de mel. Como isso é possível?
— Seus olhos, eles mudaram de cor...
Lorenzo franziu o senho e se afastou de mim e sem mais nem menos, e foi embora me deixando sozinha e confusa. Lorenzo me beijou, ele me beijou e não disse nada e simplesmente foi embora.
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Eu já estava em frente a minha casa e totalmente desnorteada com o que tinha acontecido. Será que o modo como beijo não o agradou? Foi por causa da minha falta de experiência? Tantas perguntas circulando a minha cabeça e eu não tenho nenhuma resposta para elas.
Entrei em casa e fui direto para o meu quarto, abri a porta e me assustei ao dar de cara com o Renato sentado na minha cama, vendo o meu álbum de fotos.
— O que faz aqui!?
Ele se levantou assustado e deixou o álbum sobre a cama.
— Estava te esperando. Ele falou dando um sorriso pequeno.
— Mas precisava entrar no meu quarto?
— Me desculpe, deveria ter esperado na sala. Renato desfez o sorriso e se mostrou receoso.
Sorri demonstrando que estava tudo bem, vou deixar passar.
— Okay, só não faça novamente. Mas o que você queria comigo?
Ele respirou fundo e se aproximou e segurou a minha mão, me deixando confusa.
— Aurora, eu estou interessado em você.