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Capítulo 6 A que dança comigo

Lua Brandon
Nem eu mesma consigo entender como minha mente funciona. Tem dias que uma coisa bem pequena me afeta de uma forma gigantesca, outro dia pode cair o mundo lá fora que eu não vou me importar.
Hoje é um desses dias que eu mal consigo levantar da cama, com a saudade de alguém que eu nem conheci.
O dia de ontem me fez refletir sobre o quão inútil eu me sinto. O que mais me dói é que nunca serei boa como ela era para todos.
Se eu pudesse escolher, gostaria que minha mãe vivesse e não eu. Pelo menos, ela tinha algo bom para oferecer ao mundo, eu sou só uma adolescente que não faz nada produtivo ou interessante para ninguém.
Deitada em minha cama, fiquei olhando as três fotos que Marvin me deu por um bom tempo.
Até que Charles entrou na meu quarto bruscamente, meu reflexo foi esconder as fotos o mais rápido possível embaixo do meu travesseiro.
—O que você escondeu? —perguntou sério.
—Não escondi nada.
—Não brinque comigo, Lua. —ele se aproximou de mim. —Sei que pegou alguma coisa do meu escritório.
Ele pegou as fotos a força e ficou olhando-as por alguns segundos.
—Marina te deu essas fotos, não foi?
—Não Charles, não foi Marina.
—Quem te deu essas fotos?
Fiquei em silêncio por alguns segundos, pensando se valia a pena dizer, Charles é um pouco imprevisível.
—FALA QUEM DEU AS FOTOS! —ele estava bravo.
—Eu as encontrei...
—Onde?
Fiquei em silêncio.
—Não vai falar? Pois bem, terá o que merece. —ele levou as fotos quando saiu do meu quarto.
Se eu contasse que foi o Marvin, ele me proibiria de vê-lo para sempre, não quero que isso aconteça. Não quero perder um amigo.
Tenho que pensar em algo, Charles não costuma deixar barato. Tenho medo do que ele possa fazer comigo, ele não costuma pegar leve quando se trata de me castigar, o seu maior prazer é me ver sofrer, disso eu tenho certeza.
Mas dessa vez foi diferente, ele não quis me ferir fisicamente, mas sim emocionalmente, e esse era o golpe mais baixo que ele poderia dar.
Alguns minutos depois, quem entrou no meu quarto foi Marina, dessa vez não carregava seu lindo e sincero sorriso.
—Marina? Por que está com essa cara?
—Seu pai me demitiu, disse que eu desobedeci as ordens dele. 
Quase caí para trás.
Perder Marina é pior ainda. Isso não pode ficar assim.
Assim que ouvi aquilo, fui até o Charles tentar resolver a burrada que eu fiz.
—Não pode demitir a Marina!—entrei em seu escritório sem bater.
—Posso. Eu pago o salário dela. —ele disse tranquilamente.
—Charles, você está sendo injusto. Não foi a Marina que me deu aquelas fotos.
—Quem foi que deu?
—Se eu disser, vai recontratar Marina?
—É claro. —sorriu de canto. —Só dizer.
—Marvin.
—Maldito Marvin, como não pensei nele antes? Há quanto tempo conhece o Marvin?
—O conheci ontem.
—Ele te deu mais alguma coisa além das fotos? 
—Não.
—Tudo bem. Agora dá o fora daqui.
Saí do escritório de Charles triste, pois sei que charles fará com que eu não o veja mais. Pelo menos, Marina não perdeu seu emprego, é tudo que ela têm. 
Fui até o seu quarto, a porta estava entre-aberta e pude ouvir ela chorar ao conversar com alguém no celular.
Aquilo me cortou o coração, por pouco não acabo com a vida dela.
Preciso dar logo essa notícia, esperei ela desligar a ligação e quando eu ia entrar no quarto, Charles apareceu e entrou junto comigo.
—Vou levá-la até o ponto de ônibus Marina. Aqui está seu pagamento do mês. —entregou á ela um envelope branco. —Mais tarde enviarei o cheque de tempos de casa e todos seus direitos. —Charles disse sério.
—Sim senhor. —ela disse secando as lágrimas.
—O QUÊ? CHARLES, VOCÊ DISSE QUE IA READMITI-LA!
—É, eu menti. Pense nisso como uma punição, Lua. —E saiu.
Não contive meu choro. Charles consegue ser cruel quando quer, e parece que ele sempre quer quando o assunto é me ver triste.
Abracei Marina em prantos e me desculpei por várias vezes seguidas. Ela não merece isso, e eu sei que mais uma vez era culpa minha.
Sinto como se seu fosse um furacão, que por onde passa deixa rastros de destruição e dor. Espero que um dia ela me perdoe, porque eu jamais me perdoarei.
E mais uma vez, quem me consola é a que sempre dança comigo no escuro: a vontade de morrer.

Comentário do Livro (7649)

  • avatar
    Guilherme Rosseti

    muito bom eu amei

    4d

      0
  • avatar
    SilvaJuliene

    Emocionante

    5d

      0
  • avatar
    VitoriaAna

    muito bom

    7d

      0
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