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O outro lado da Lua

O outro lado da Lua

Nalanda Lima


Capítulo 1 Prólogo

Lua Brandon
Depressão
Ela me pegou no colo, me abraçou e me convenceu que ela era a melhor companhia no momento, me apresentou a lâmina e disse que ela seria de estimação, e que traria alívio quando eu precisasse de socorro, tapou meus ouvidos; me fez chorar em silêncio. No fim, me apresentou o suicídio, e hoje penso nele todos os dias.
Depressão não é frescura,
Muito menos moda.
Não julgue, ajude.
Precisa conversar? ligue:
CVV- 188 ou acesse o site:www.cvv.org.br
Precisa de um ouvido? Me mande uma mensagem no Instagram: @autoranalanda
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Lua Brandon
O que você acha que se passa na cabeça de alguém que está prestes a morrer?
Na minha, passou um filme de terror... minha vida inteira. Lembranças que eu gostaria de apagar para sempre da minha mente e que só me encorajaram a continuar com o que eu queria fazer, acabar com essa droga de vida.
Eu estive flertando com a morte desde os meus 10 anos de idade, mas agora aos 15 resolvi dar-lhe uma chance , já que somente ela acabará de vez com todos meus problemas.
Por isso, subi até a ponte mais alta que eu conheço, onde embaixo corre um grande rio. Eu estava sozinha, como sempre estive.
Com uma lâmina, eu me feri no pulso, só pra sentir algo, meu corpo parecia estar inteiro dormente. Eu chorava, por estar desistindo, e por desapontar Marina. Mas a real, é que eu não aguentava mais estar viva. Eu estava pronta para me jogar dali e não existir mais.
Ainda sentada, fechei meus olhos e segundos após fechá-los, pude ouvir passos se aproximando. Abri meus olhos e uma mulher sentou-se a cerca de dois metros de mim.
Estava usando um vestido branco, achei até que fosse um anjo, de tão bela. Ela se aproximou de mim, se equilibrando naquela ponte.
-Se você se aproximar, eu pulo. -eu disse tentando afastá-la.
-Tudo bem, eu seguro você. -ela continuava e abria os braços.
-Eu não estou brincando, se afasta de mim. Me deixa morrer em paz. -eu disse limpando com as mãos lágrimas que insistiam em cair.
-Você não quer morrer. -Ela me abraçou. -Só quer que a dor acabe. E você pode conseguir isso vivendo. Continue tentando. 
-Eu não consigo, eu já causei mal o suficiente - eu chorava em seus braços, sem me esforçar para sair dali.
- Você aguenta, você pode, você pode tudo. você é forte, e sabe disso. 
-Não, eu não consigo. 
-Eu tenho certeza que você consegue, e você vai lembrar desse dia quando tiver conseguido. 
Passaram-se 2 anos desde o ocorrido, e eu ainda posso sentir a sensação daquele abraço que salvou minha vida, eu nunca mais vi aquela mulher. E eu tenho certeza de que não foi um delírio meu.
Depois de me abraçar, ela não disse mais nada além daquilo, não me puxou para fora daquele lugar, e foi embora, eu não sei como, mas eu não quis mais me matar naquele dia, e eu amei muito aquela sensação, foi como se minha mãe estivesse ali comigo através dela, é inesquecível, porque minha mãe morreu há 17 anos atrás.
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Lua Brandon
Hoje é meu aniversário, o pior dia de toda minha vida. Talvez você esteja se perguntando o motivo, já que normalmente aniversários são dias felizes em que pessoas comemoram, bom, esse é o dia da morte da minha mãe, ela morreu segundos após meu parto, ou seja, eu matei minha própria mãe. A culpa é inteiramente minha, eu reconheço, E imagino como deve ter sido, eu sendo entregue nos braços dela, e com muita emoção ela me olhando pela primeira e última vez, toda vez que penso nisso, me sinto o ser humano mais desprezível do mundo.
Hoje, com dezessete anos, moro com meu pai Charles, que com certeza é o pior homem que eu já conheci na vida. Nossa relação nunca foi boa, porque ele sempre teve ódio de mim por ter matado o amor da sua vida, e já me disse isso através de suas palavras e ações. Charles me trata com desprezo e deixa claro que eu sou o pior erro da vida dele, e de todas as pessoas que já me fizeram sofrer, Charles de certa forma é o que mais me atinge e ele sabe disso, parece que ele gosta de me ver triste. Ele nunca foi nas minhas apresentações do dia dos pais na escola e isso marcou muito minha infância,  me lembro de chegar em casa e ele me fazer pedir desculpa por cobrar isso dele. Charles é um empresário importante, dono de muitas propriedades, arrogante e rico. E apesar de ser meu pai, eu não sei muito sobre ele, só o que ele permite que eu saiba, já tentei descobrir coisas sobre seu passado, mas ele é muito fechado.
A única funcionária dessa casa, Marina, trabalha para o Charles há mais de 20 anos, é proibida de me falar sobre Charles e seu passado e principalmente coisas sobre minha mãe, confesso que esse mistério desperta ainda mais a minha curiosidade, porém, ela corre o risco de perder seu emprego caso me fale coisas que não deveria, e essa é a última coisa que eu quero, Marina cuidou de mim quando minha mãe morreu, tenho uma ligação muito forte com ela, é a minha única figura de família, todo dia das mães ela estava lá na primeira fileira para me ver cantar na escolinha, é a melhor pessoa que eu conheço. Marina não substitui minha mãe, mas deixa o fato de ela não estar aqui mais suportável, entende? As vezes eu penso se seria diferente se minha mãe estivesse aqui... Talvez sim, ou não, eu nunca saberei, Talvez eu não me sentiria tão vazia, talvez fosse ela quem me salvaria desse caos que é a minha mente, eu só queria conhecê-la.
Como eu já disse, não sei muito sobre minha mãe, somente coisas que a Marina deixou escapar ou me contou por pena e Charles não pode sonhar em saber dessas poucas coisas que sei. Seu nome era Luana, e foi ela quem escolheu meu nome, pois amava olhar a lua no céu quando estava a minha espera, e eu sou completamente apaixonada pela lua. Ela casou-se com charles aos 19 anos, Marina disse que ela adorava usar vestido, eu percebi isso pelas fotos que Charles tem dela espalhadas em seu escritório, sempre sorrindo e usando vestidos de todas as cores e com todas as flores que coubessem, ela adorava balinhas de caramelo, Marina disse que a casa era muito mais alegre, e as paredes eram bem mais coloridas, porque ela amava cores, porém depois que ela morreu todas as paredes da casa foram pintadas de cinza, preto e branco, e com isso tudo ficou triste, inclusive Charles, Maria disse que antes ele até sabia sorrir.
Eu não tenho muitos motivos para viver, somente a esperança de dias melhores, Hoje eu completo 17 anos, e se eu tivesse êxito na minha última tentativa de suicídio, seriam 2 anos de morte. Guardo as cicatrizes da minha alma, na esperança de um dia elas me lembrarem de uma antiga Lua, que não exista mais.

Comentário do Livro (7651)

  • avatar
    FerreiraDaiane

    nunca vi uma história tão fascinada igual a essa.

    1h

      0
  • avatar
    SanttosMichelle

    🌷🌷🌷🌷🌷

    4h

      0
  • avatar
    Guilherme Rosseti

    muito bom eu amei

    4d

      0
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