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Bab 4 .

Antoni era inteligente. Pela aparência, muitas pessoas o subestimavam. Pelo jeito também, porque ele era um tolo romântico em todos os aspectos da palavra. Mas dentro daquela cabeleira castanha ele escondia um belo cérebro. E me provou isso quando usou apenas quatro segundos de olho no olho para ler minha mente. Não, aquilo não poderia ser chamado de outra coisa além de uma leitura de mente.
— É uma garota?
Senti os cantos da minha boca se elevarem.
— Matheus do céu! Você está aqui a o que? Três dias? Já tem uma garota?
Tentei reprimir uma risada, que saiu mais como um grunhido estranho. Meu amigo se apoiou na beirada de uma mureta ao lado do refeitório. Estávamos lá conversando desde que acabamos nosso almoço, e por isso acabei soltando a informação de que eu estava possivelmente interessado em alguém. Bom, não precisei dizer, ele leu em meus olhos.
— Quem é? — Ele insistiu.
Vasculhei ao nosso redor em busca de possíveis escutadores de conversas, mas qualquer pessoa estava a pelo menos cinco metros de distância. Parecia que eu e Antoni não éramos pessoas atraentes ou suficiente. Ou intimidantes demais.
— Eu não sei.
— Que?
As sobrancelhas de Toni estavam mais erguidas do que eu pensei ser capaz, congeladas em uma expressão de descrença. Então balancei a cabeça para ele, indicando que aquele não era o lugar, antes de sugerir que subíssemos para meu quarto. A cada degrau, nossa conversa se misturava em diferentes assuntos, como o fato de Dani ter trancado nossa matrícula, e Pedro ter simplesmente saído para viajar. Antoni não tocou no nome da minha irmã, e eu fingi não querer saber.
Quando chegamos no quarto, fechei a porta atrás de mim, e abri as janelas, só para o caso de aquela voz perfeita decidir ecoar novamente. Ele sentando na cama, abri a boca e revelei tudo. Acho que entre nós cinco, sempre fomos um grupo muito distinto. Era como se a personalidade de cada um se encaixasse na amizade, como se fôssemos feitos pra isso. Daniel era o cozinheiro sentimental, que colocava alma nas coisas, e chorava por tudo, mas ao mesmo tempo muito centrado e um bom concelheiro. Pedro era o ameaçador, admirado e adorado por todos, e apesar dos interesses fúteis tinha um bom coração e buscava ao menos fazer o mínimo. Eu sempre fui os músculos. Sem querer me gabar nem nada, mas desde sempre arrumava pretextos para brigas, sempre querendo descontar minha raiva amassando a cara de alguém. Margarett era a doce e inteligente prodígio, que nunca tinha tempo para homens até decidir roubar meu amigo de mim. E por falar em amigo, Antoni era... Antoni. Ele era um bom ouvinte. Era calado. Sorrateiro e inteligente, talvez por isso tenha conseguido esconder sua paixão por Margarett mesmo depois de tanto tempo. Ele era o silencioso Antoni, escondendo um coração puro revestido em ferro. E ele me escutou.
— Isso é bem interessante. — Antoni coçou a barba por fazer. — Por que não desce pro pátio quando escutar a voz de novo?
Sinceramente, não sei como não havia pensado naquilo. Acho que presumi que não daria tempo, já que eu ficava tão imerso nas notas iniciais, que era quase impossível me mover. Mas não custava tentar certo?
Antoni passou a tarde no meu quarto. Eu tinha uma programação marcada para as horas da tarde, mas Toni nunca saberia. E depois do fiasco da psicóloga anterior, eu queria que toda aquela baboseira acabasse. Minha vontade era fazer as malas e voltar para minha casa, mas eu não podia. Porque minha irmã estava lá.
Uma semana se passou, e eu continuei me escondendo de todos. No mesmo horário, a voz inundava meu quarto, mas não consegui seguir o concelho de Antoni. Não só por vergonha de correr como um doido até o pátio, mas também com medo de saber quem era a dona da voz. Sim, medo. Eu conversava com Antoni quase que o dia todo, passeávamos pelos corredores da clínica e de vez enquanto participávamos de uma ou outra atividade para reconstruir laços ou algo do tipo. Como eu disse, tudo uma grande baboseira.  Pedro ainda estava viajando, Daniel não parecia estar fazendo nada de muito importante, de qualquer forma eu não poderia saber muito sobre eles. Porque evitava mandar mensagens. E evitava falar com Antoni sobre Margarett. Eu sabia que eles conversavam, dava pra ver nos olhos brilhantes do meu amigo a cada manhã. Depois do quinto dia em que eu tentei passar no quarto dele durante a noite e escutei ambos conversando, eu simplesmente desisti de me meter. Me sentia impossivelmente sozinho, de uma forma como nunca havia sentido antes. E culpado, por todas as vezes em que o assunto com Antoni acabava, mas ele não tinha coragem de trazer a toda o de minha irmã.
Passei pelo arco de madeira do pergolado que ficava no ódio, apoiado sobre a grama como uma escultura. Ninguém nunca vinha aqui, então era bom pra pensar. Não que eu tivesse muitas coisas boas na mente, mas gostava de estar sozinho quando está resolvesse me sabotar. Apoiei as costas contra um dos pilares de madeira, fechando os olhos para a brisa morna do fim da tarde. Na verdade não, estava quente mesmo. Muito quente. Eu usava a camiseta mais clara que possuía, de um cinza cimento, como os olhos de Antoni e bermuda branca. Tentei me concentrar em qualquer coisa além do suor que já me escorria pela coluna, mas nada veio. Minha mente era um silêncio irritante que eu pretendia calar. Mas então ouvi passos. E abri os olhos.
— Olá.
Kayori sorriu com facilidade, exibindo seus dentes brancos e retos, perfeitamente alinhados. Não pude evitar elevar um dos cantos da boca. Por causa do calor, ela vestia um vestido completamente branco e leve, que oscilava ao redor de suas pernas perfeitamente torneadas e longas. Depois da noite em que nos conhecemos, vi Kayori algumas vezes. Mas sempre de longe, ou quando perto, não trocávamos mais de duas palavras antes que chamassem ela para ajudar em algo. Mas ali estava ela, completamente livre e linda.
— Como diabos você consegue manter esse cabelo solto?
Me lembrei de Margarett, e a forma como ela ameaçava raspar o próprio cabelo todas as vezes em que o verão chegava, carregando nossa casa com atmosfera quente e uma Margarett repleta de alergias e raiva. A pele dela era muito clara e sensível, e talvez por causa disso se enchia de bolinhas vermelhas e coçantes, das quais ela reclamava todo o tempo. Margarett vivia branca pelo efeito das pomadas que usava, cheirando talco por toda a casa.
— Eu amo calor. Me aquece, me faz sentir... acolhida. No frio me sinto vazia.
Eu nunca havia parado pra pensar daquela forma. Kayori deslisou para dentro do pergolado em um movimento gracioso. Ela se apoiou em uma das toras de madeira, respirando fundo bem ao meu lado.
— Talvez o calor só te distraia do vazio que você sempre sente.
Não sei de onde saiu aquilo. Talvez da própria compreensão do meu cérebro sobre algo que eu mesmo vi em mim. Mordi o lábio inferior, com medo de que tivesse estragado tudo com a única garota legal que havia se aproximando de mim ali. Mas quando meus olhos encontraram os seus... eles brilharam. Em curiosidade, ou admiração, ou o que quer que fosse aquilo.
— Você é uma pessoa interessante Matheus.
Por algum motivo, meu nome em sua boca, me fez querer sorrir.

Komentar Buku (2154)

  • avatar
    MesiasManoel

    otimo

    2d

      0
  • avatar
    Marcella Rocha

    top

    3d

      0
  • avatar
    ResenoKaue

    muito bom

    7d

      0
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