Acordei sentindo os primeiros raios de sol entrarem no quarto, abri os olhos lentamente e vi que estava no quarto do meu irmão, mas... por que diabos eu estava aqui mesmo? Levantei-me ainda meio perdida e me sentei na beira da cama, percebi que só tinha eu no quarto. Aos poucos fui me lembrando do que aconteceu ontem, eu vi uma sombra no meu quarto e senti uma respiração batendo contra minha nuca. Minha primeira experiência paranormal, não tinha gostado nem um pouco disso. Respirei fundo e tentei me acalmar, mas foi em vão. Eu tinha que ir até o meu quarto mas eu estava com medo. Cadê o Matteo agora? Que droga! Parece que eu tenho que criar coragem e ir sozinha. Cantarolei alguma música para me distrair, como se o fantasma fosse me ouvir cantar e ir embora, sim isso mesmo Aurora. Caminhei até o meu quarto; abri a porta lentamente e enfiei apenas a cabeça para dentro do cômodo. Estava tudo silencioso e a cortina da janela estava aberta deixando o sol adentrar, pelo menos estava tudo bem claro menos mal. Fui direto para o banheiro precisava tomar um banho e me arrumar para mais um dia de aula. A todo momento eu ficava olhando para a porta do banheiro, só por precaução, eu deveria arrumar uma água benta isso sim. coloquei o meu uniforme e escutei minha mãe me chamar — ou melhor, gritar — para ir tomar café. Resmunguei baixo por causa do grito desnecessário e peguei minha mochila conferindo se meus cadernos estavam todos lá ou se eu estava esquecendo de algo. Nisso eu acabei me lembrando que teria que falar com Lorenzo sobre o trabalho, eu ainda não tinha pensado em um bom jeito de abordá-lo espero que eu pense em algo no caminho. Na cozinha estavam apenas os meus pais e nada do Matteo, parece que ele "sumiu" novamente, nisso ele é o Lorenzo tem muito em comum ambos amam desaparecer e deixar as pessoas curiosas do seu paradeiro. — E o meu irmão? — perguntei e minha mãe franziu o cenho. — Ele não está no quarto? — indagou ela. — Não… — respondi. — Eu nem vi ele sair hoje — terminou, desconfiada. — Esse garoto vive sumindo, não toma jeito — disse meu pai em um tom ríspido, virando a página do seu jornal. — Será que é de novo aquela namorada desconhecida dele? — Acho que não, pai — respondi, pensativa. — Por que, filha? Está sabendo de algo? — questionou minha mãe e eu neguei balançando a cabeça. — Não, é apenas um pressentimento — eu disse. — Meu Deus! E se ele estiver envolvido com coisas erradas, Stefano? — questionou minha mãe com um semblante preocupado. — Quando eu voltar vou ter uma conversa séria com ele Laura, não se preocupe querida— Meu pai parecia determinado a descobrir a verdade, Matteo não estava colaborando não contava a onde ia porque chegava tão tarde. Afinal ele ainda é só um adolescente e não é de maior e querendo ou não tem que dar satisfações ao meu pai. As vezes minha mãe fica tão preocupada pensando o pior quando já é tarde da noite e ele ainda não tinha voltado para casa. Eu mesma já tinha falado com ele sobre isso mas Matteo dava um jeito de fugir do assunto.
♤ Hoje eu estava fazendo o caminho para o colégio sozinha. Meu pai quis me dar uma carona mas eu neguei, pois queria ir andando e também por causa de meu pai, já que ele teria que estar às sete e vinte no aeroporto. — Aurora! — escutei alguém gritar por mim e me virei vendo Lina que vinha correndo em minha direção. – Eu estava te chamando há tempo e você não... me ouvia — ela dizia entre pausas para tentar recuperar o fôlego por ter corrido tanto. — Por que não veio de carro hoje? — Perguntei achando estranho. — Meu pai mandou para o concerto, então passei na sua casa para irmos juntas, mas sua mãe disse que você já tinha ido. Ela respondeu e eu a olhei pensado se eu devia falar daquela coisa bizarra que me aconteceu ontem mas achei melhor deixar para lá. — Aah… Ei, como foi o seu encontro com o Luca, para onde vocês foram? Lina sorriu e deu uns pulinhos de alegria me fazendo rir do seu ato inesperado. — Você nem imagina! Foi perfeito Aurora, o Luca foi muito gentil e atencioso me levou no cinema e depois saímos para passear na praça. — Ora ora então Lina arrumou um namorado finalmente? — Ainda não, ele ainda não me pediu em namoro mas ontem nos trocamos alguns beijos — ela disse, corada. — Olha, quero conhecer esse garoto e saber as verdadeiras intenções dele com a minha amiga — ditei séria, mas depois sorri, arrancando uma risada de Lina — Você logo irá conhecer ele. Chegamos no colégio e Jihoon junto à Jaegyu vieram até nós. Jaegyu passou os braços pelo meu pescoço assim que se aproximou. — Eai, minhas belle ragazze! — Jaegyu expressou e eu tirei o seu braço do meu pescoço. — Você está muito bajulador hoje — Lina falou — Que isso, Lina? Eu amo vocês — Ele deu um beijo na bochecha de Lina, Jaegyu se afastou a tempo de levar um beliscão. Jihoon permaneceu calado ao lado do irmão enquanto digitava rapidamente em seu celular. — Teu amor veio hoje — Lina disse e eu olhei para onde ficavam os armários. E lá estava ele. Meus olhos só faltavam brilhar por ter visto ele, e acredito eu que eles estavam. Isso me fez lembrar que eu tinha que falar sobre o trabalho, então eu já comecei a entrar em pânico. É agora ou nunca! — Eu já volto — pronunciei e nem esperei eles responderem, indo até Lorenzo. Eu estava muito nervosa — bastante nervosa — eu diria. Parei do seu lado e ele passou a me olhar, e foi aí que eu esqueci completamente o que eu ía dizer e, mesmo se eu quisesse, as palavras não saíam de jeito nenhum. Eu estava me sentindo uma otária por isso. — O que foi? — sua pergunta parece que me fez voltar para a realidade e me lembrei do que tinha para falar. — Bem.. É que… a professora de arte passou um trabalho em dupla e eu fiquei com você. Eu falei tudo em tom baixo e meio rápido que nem sabia se ele estava escutando bem ou tinha me entendido. — Ok… — ele suspirou. — É para entregar quando? — Semana que vêm na terça. — Então fazemos amanhã na sua casa, pode ser? — C-Claro! — me xinguei mentalmente por ter gaguejado. Ele assentiu e se retirou. Eu fiquei lá parada que nem uma idiota que eu sei que eu sou. Mas espera um pouco... Lorenzo Bianchi falou comigo! LORENZO VAI PARA A MINHA CASA! AHHH! Mentalmente eu estava surtando, e surtaria em voz alta ali mesmo naquele corredor se não tivesse tanta gente. — Aurora, sobre o que vocês conversaram? Eu estava tão inerte a tudo que aconteceu que tomei um susto com a fala repentina de Lina. — Sobre o trabalho — respondi simplista. Ela soltou um “ah” e fomos caminhando até os nossos armários. Pegamos os livros que iríamos utilizar e fomos para a sala. Lorenzo estava sentado como sempre afastado de todos. Mas eu me sentia feliz por ele estar ali. Ok, podem falar… Eu sou uma tola apaixonada.
♤ Agora estava eu aqui apenas esperando a Lina para irmos até a quadra onde o jogo vai acontecer. Ela tinha ido ao banheiro e até agora não havia voltado e eu já estava ficando cansada de esperar, paciência não é o meu forte. — Ei. Escutei a voz rouca de Lorenzo o que fez eu quase desmaiar ali mesmo por conta do susto, afinal, o corredor estava vazio e ele apareceu do nada como um fantasma. Me virei para encará—lo e ele estava com um pequeno sorriso nos lábios, parecia meio sem jeito. — Você não me disse onde é a sua casa e que horas tenho que ir — disse, com a mão na nuca. — Você poderia me passar o seu número, aí eu mandava o endereço por mensagem bem mais fácil. Desculpa para ter o número dele? Imagina! — Eu não tenho celular — ditou sério. Ok. Tentativa falha. Lógico que ele não daria o número dele para mim. Abri a minha mochila tirando o caderno e uma caneta, passando a anotar o meu endereço. E em seguida entreguei à ele. — Como estudamos de manhã, você poderá ir às quatorze horas, está bom? — Sim — foi curto. — Já vou… Até logo Aurora. Ele saiu e eu arregalei os olhos. Ele sabia o meu nome… Eu não havia passado tão despercebida assim por ele como eu achava. — Vamos, Lina! — Lina resmungou, puxando o meu braço e me arrastando para a quadra. — Você demorou, parecia que iria morar no banheiro — debochei Antes de entrarmos, já ouvimos alguns cochichos das meninas dizendo como os meninos do outro time eram lindos. A quadra estava lotada, mas o jogo ainda não tinha começado. Nos sentamos e Lina e eu ficamos conversando enquanto o jogo não começava. Escutamos os gritos histéricos das meninas e lá estavam eles: O time adversário. Não posso negar, todos são muito lindos. Um que tinha o cabelo loiro olhou diretamente para mim e deu um sorrisinho, me deixando envergonhada. Mas ninguém havia percebido, para o meu alívio, porque iriam ver as minhas bochechas vermelhas como um tomate. O time do Jihoon entrou e logo a partida deu início. Vejo Jaegyu correndo com a bola em direção à cesta, mas o loiro que sorriu para mim tomou a bola dele e correu para o lado contrário. Ele era tão rápido… Ele arremessou a bola que entrou na cesta e fez o primeiro ponto do jogo. Depois o jogo voltou normalmente e o placar indicava que os times estavam empatados. Eu estava torcendo para o time de Jihoon ganhar, afinal, eles são meus amigos. Entre pontos marcados do time adversário o loiro continuava a me encarar, isso já estava me deixando desconfortável, o que ele queria com isso, afinal? Agora era a hora de tirar o desempate, faltando apenas alguns minutos para o fim do jogo, e o desempate veio do time adversário e escutei o apito do árbitro indicando o final da partida. Jaegyu estava extremamente irritado, mas perder faz parte. — Aurora — Lina me chamou. — Aquele garoto que não tirou os olhos de você o jogo inteiro está vindo para cá. — O quê!? — Fiquei desesperada. Olhei para a quadra e lá estava vindo o loiro até mim. E ainda por cima sem camisa, deixando exposto o seu abdômen definido. As meninas já ficaram alarmadas com a aproximação dele, e têm como não ficar? — Oi, princesa — se pronunciou. — Qual o seu nome? — Perguntou com um sorrisinho de lado — Por que quer saber? — Acho que seria o mais óbvio saber o nome da garota para que dediquei todos os meus pontos, não acha? — falou mantendo um sorriso que agora ao meu ver parecia fofo. Lina já estava boquiaberta ao meu lado. — Aurora — Respondi. — É um prazer, Aurora. Eu sou o Renato — sorriu, simpático. — Renato, vamos! — escutei um garoto de cabelos vermelhos gritar por ele. — Tenho que ir, nos vemos algum dia desses — Piscou para mim e me deu as costas indo em direção aos seus amigos que estavam comemorando a vitória. — Aurora… aquele garoto é lindo! E se interessou por você! — Lina expressa animada. Quando notamos que as pessoas já estavam indo embora nos levantamos e vimos Jaegyu e Jihoon vindo até nós duas… Meio cabisbaixos por terem perdido. — Não fiquem assim, garotos! Na próxima vocês ganham! — Lina disse, tentando aumentar o alto astral deles. — Que seja — Jihoon ditou desinteressado e bufou. — Aquele tal de Renato tomou a bola de mim umas três vezes, Stronzo! — Jaegyu resmungou. — Ele era muito bom, não é, Aurora? — Lina me olhou com um sorrisinho provocador e eu não evitei de revirar os olhos. ♤ Estava em casa junto de Lina, já que a mesma disse que hoje os pais dela saíram e não queria ficar sozinha. Estávamos assistindo uma série de comédia e já tínhamos comido um pote de sorvete. Nós estávamos rindo de uma fala de um personagem quando escutamos um estrondo de porta sendo fechada com força. Lina e eu nos assustamos e paramos de rir automaticamente. — Será que alguém entrou em casa? — Lina me perguntou assustada. Afinal, estávamos sozinhas porque minha mãe havia saído para o mercado Me levantei e eu e ela pegamos algo para nos defender no caso uma escova de cabelos e uma raquete de tênis, ótimo se fosse um assassino iríamos morrer agora, sendo seguida por ela abrimos a porta. Escutei um grito de dor vindo do quarto do meu irmão e corri até lá, abrindo a porta e vendo ele caído no chão com cortes pelo rosto e as roupas meladas de sangue. Lina soltou um grito assim que viu a cena. — O que aconteceu, Matteo!? Quem fez isso com você? — questionei preocupada, me aproximando dele com as minhas mãos tremendo ao ver os cortes e o quão mal ele estava. — Foram eles... — respondeu com a voz fraca e depois apagou. "Eles"? Quem são "eles"?
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