Escrito por Victor Oliveira
Hunters Capítulo 1:Um mundo de sangue
Hoje deveria ser apenas um dia comum em que meu professor introduz a matéria teórica básica, mas nesse exato momento ele está sendo dividido em dois por um demônio enorme.
— GWAAAAARRGHH!!! — Agonizou o sujeito até que seu tronco separado das pernas foi jogado próximo de mim. — MERDA! RÁPIDO, CONGELA AQUI! — Exclamou ele apontando pra parte onde deveriam estar as pernas dele.
Em desespero pela situação e na adrenalina do momento, eu congelei a região para estancar o sangramento enquanto o outro caçador que nos acompanhava se jogou contra o demônio rank S que dividiu meu mentor em dois. No final aquele caçador estava enfrentando de frente três demônios rank S sozinho. Ah... Perdão... Deixe-me explicar do começo.
Japão - Tóquio - 30 de Março – 3 meses atrás.
Meu nome é Fubuki Miyuki, sou uma jovem comum. Japonesa de 18 anos. A pior das minhas preocupações é a profissão que vou seguir e a universidade que vou frequentar. Eu gosto muito de artes mas minhas últimas tentativas de comercializar meu trabalho não deram certo, agora vim para Tóquio passar um tempo na casa da minha tia enquanto tento ingressar em uma faculdade de artes. Minha tia é muito gentil e agradável, embora ela pareça esconder coisas sombrias, mas acho que todos nós temos nossos próprios problemas pessoais e segredos do passado.
Era o meu primeiro dia em Tóquio com a minha tia após chegar na noite anterior, então eu estava focada em pesquisar as universidades da região. Acordei cedo para estudar um pouco antes de procurar sobre as universidades quais eu gostaria de me inscrever, naturalmente após um tempo me estressei com os estudos. Acabei fazendo uma pausa e saindo, indo a uma cafeteria nas redondezas onde desfrutei de um café durante aquela manhã de primavera.
Eram 9h15 quando eu estava caminhando pela cidade de bobeira antes de voltar para casa e me preocupar com meu futuro. Parei em uma praça agradável onde me sentei em um banco e olhei as pessoas passando na rua, os pássaros cantando nas árvores e o dia passando lentamente. Após uma hora voltei para casa de minha tia e lá passei o resto do dia tentando resolver a minha escolaridade até que acabei adormecendo no escritório.
Acordei no meio da noite com um barulho estranho, parecia uma briga. Levantei meio confusa e fui ver o quê era. Escutei a voz da minha tia, ela estava discutindo com alguém, dizendo algo sobre um tipo de acordo ou sei lá. Pensei se era o dono do imóvel mas não fazia sentido ele estar ali de noite, então seria um namorado dela?
Quando desci até a sala me deparei com a minha tia discutindo junto a uma criatura estranha de aparência desagradável e repulsiva, só de pensar me fogem as palavras com aquela imagem terrível. A criatura logo percebeu minha presença e veio em minha direção. Minha tia se preocupou e tentou impedir aquele ser falando alguma coisa tentando fazer algum acordo mas eu não consegui entender o quê ela dizia, eu não conseguia escutar nada direito, estava paralisada com o olhar daquela criatura estranha que vinha lentamente em minha direção olhando fixamente nos meus olhos como se me segurasse até a alma, restringindo meu corpo de se mover. Até que minha tia disse algo que fez aquele ser desviar a atenção de mim. Com isso me recuperei mas ainda estava em choque, aquele bicho era muito feio.
Minha tia conseguiu convencer aquele ser de alguma forma a fazer um pacto, mas nesse minuto eu já tinha corrido na direção oposta e pulado pela janela. Eu estava correndo em desespero no meio da madrugada tentando me afastar o máximo possível daquela criatura mas quando eu virei a esquina bati de frente com ela, com o choque eu cai no chão e o bicho colocou o dedo em minha testa, aquele demônio me amaldiçoou. Pouco tempo depois uma marca estranha se formou nos meus dois braços.
Eu tentei reagir após receber a maldição mas ele simplesmente me segurou e jogou quarteirões longe, ele era muito mais forte que eu e com o impacto da queda eu não conseguia mais me mexer. Todo meu corpo doía, o sangue não estava circulando direito e eu estava toda ralada enquanto a criatura vinha rapidamente na minha direção. Eu via minha morte inevitável e eminente naquele momento, até que um milagre me aconteceu.
Um homem misterioso surgiu da noite golpeando o demônio com uma arma que eu não conseguia enxergar direito. Tudo aconteceu muito rápido e quando me dei conta aquele homem já estava a minha frente com a mão esticada oferecendo-me ajuda para levantar.
— Você está bem? Consegue se levantar? — perguntou ele com a mão esticada enquanto olhava descaradamente o local onde a criatura encostou o dedo e a marca em meus dois braços que se conectava nas minhas costas.
— Meu corpo dói e eu não consigo me mexer... Eu preciso voltar pra minha tia... — eu tentava me levantar mas meu corpo não respondia direito e eu sentia cada músculo dele formigando. Ao mesmo tempo gradativamente diminuindo a dor do impacto.
— Sua tia está morta. Eu vou te levar sob jurisdição.
— O quê? Como?!? Por que?!?
— Você recebeu uma maldição de um demônio de Rank A. Você tem duas opções, vir sob jurisdição comigo e ter uma chance de continuar sua vida ou eu posso te executar agora. O quê você prefere? — Ele me olhou com um olhar sério e frio, me senti ameaçada com aquilo.
— Eu... Eu vou com você...
— Você fez a decisão certa.
Aquele homem me levou a uma instituição em um prédio corporativo, eu descobri que ele era um caçador, uma espécie de agente do governo que tem a função de caçar demônios e seres sobrenaturais que ameaçam a paz da humanidade. Por conta da minha maldição eu não poderia viver livremente na sociedade novamente então eles iam me treinar para me tornar uma caçadora. Eu não tinha opção mas talvez fosse melhor me tornar uma caçadora, afinal eu teria a chance de tentar seguir a minha vida.
Por três meses eu fui treinada para usar a maldição que me foi deixada e constantemente fui testada. Minha maldição me permite congelar coisas com as quais eu tenha contato, porém eu acabei criando um trauma durante o treinamento para controlar esse poder, desde então eu uso luvas constantemente para evitar congelar algo sem que eu queira. Aparentemente a minha maldição é de um tipo raro, pelo que disseram não existem muitos demônios de gelo no mundo. Após concluir o treinamento de três meses eu já era uma caçadores inefetiva, agora só precisava passar por um período de um ano sob orientação de um caçador efetivo e seria efetivada como caçadora. Um novo começo estranho com um emprego perigoso.
30 de junho - 8h20 – Edifício da filial de Tóquio de caçadores do Japão.
— Então... Você é o meu responsável?
O sujeito me olhou de cima a baixo com uma cara de desinteresse e desgosto. Ele era um cara de cabelos curtos e castanho escuros, com olhos castanhos bem normais, pele clara e ele era muito estranho. Enquanto todos os caçadores usam terno ele estava usando jeans, tênis e um casaco felpudo do tipo que se usaria pra dormir. Ele bocejou e então me respondeu.
— Então você é a tal Miyuki. Eu sou Victor, serei seu veterano como você já sabe. Eu li sua ficha então acho que não tem mais nada de importante pra dizer... Eu realmente não lembro se tem mais alguma coisa pra dizer na introdução então vamos seguir.
— Okay... E o quê vamos fazer?
— A gente vai numa missão com altos riscos de morte. Espero que eu morra.
— O quê? Já?
— Sem tempo irmão. Só vamos.
Seguimos até um quadro onde nos encontramos com outro caçador e partimos para a missão. Após isso já sabemos o quê aconteceu, o caçador que estava enfrentando os três demônios rank S sozinho puxou a espada dele da bainha e picotou os demônios em poucos segundos, ele parecia bastante apressado, depois ele veio correndo até nós segurando as pernas o meu veterano.
— AAAAHHH, QUE MERDA VIC!!! JÁ É A TERCEIRA VEZ ESSE MÊS!
— Eu não tenho culpa, cacete! Mas aproveita a oportunidade e me deixa morrer.
— AAAAA MAS NEM FUDENDO! VOCÊ ME FEZ ENFRENTAR OS TRÊS SOZINHO, AGORA SÓ DE RAIVA VOCÊ VAI VIVER!
— Você não ouse!
— ISSO É NORMAL PRA VOCÊS?!? QUERO DIZER, ELE TÁ SEPARADO EM DOIS!!!!
— Ah, para. Não vai me dizer que essa é a primeira vez que vê esse tipo de coisa acontecer? — aquele caçador disse enquanto levantava o dorso do meu sensei com uma só mão. — Filho da puta! Ele ousou! — Comentou Victor enquanto era resgatado pelo outro caçador.
— Hoje é o meu primeiro dia... — respondi levemente em desespero enquanto corríamos para sede lutando contra o tempo, tentando chegar antes do sangue do veterano se esgotar.
— PUTA MERDA VIC, VOCÊ TROUXE UMA NÃO EFETIVA PRA UMA MISSÃO RANK S?!?! VOCÊ TEM MERDA NA CABEÇA?!?!
— Ela tá inteira, não tá? Relaxa...
— VOCÊ TÁ LITERALMENTE DIVIDIDO EM DOIS, SEU FILHO DA PUTA!!!
Chegamos a sede e logo Victor foi levado por uma equipe médica. Ficamos na recepção principal da sede esperando a equipe médica terminar e nos trazer informações.
— Será que ele vai ficar bem? Ele vai sobreviver?
— Não se preocupe tanto, é difícil se livrar daquele maldito.
— E se ele morrer?
— Deus não me agraciaria com uma benção dessas...
— desculpe mas, qual o seu nome?
— Eu sou Shun Hiroshi, Caçador Rank B! Você é a tal Miyuki, né? O chefe nos falou de você
— Jura?... E isso é bom?
— Daí já depende de você. A maioria dos caçadores de Tóquio te conhecem agora, então só é ruim se você quiser passar despercebida por eles. Hm... Já deu tempo.
Nesse instante então chegou ao local meu veterano andando, inteiro, agora com roupas diferentes já que as anteriores ficaram sujas de sangue e um pouco rasgadas.
— E aí gente? Tô inteiro, mas queria ter morrido.
— O quê? Mas como?
— Medicina e Biomedicina experimental, neném. Esses merdas não me deixam morrer...
— Relaxa Miyuki, você se acostuma. Aliás Vic, Que diabos te deu na cabeça pra você levar uma aprendiz numa missão Rank S?
— Pra ser sincero eu nem pensei, mas você resolveu tudo então tá tudo bem e vamos ser pagos mesmo assim.
— Seu vagabundo... Lucrando as minhas custas...
— É. Eu só queria ter morrido.
Realmente meu veterano é muito estranho...
Continua...